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Interior

Ossadas achadas em vala eram de membros do PCC alvos de facção rival

Polícia paraguaia afirma que Comando Vermelho está por trás das mortes; um dos mortos trabalhava para ex-chefe do PCC executado em fevereiro de 2017 pela facção carioca

Helio de Freitas, de Dourados | 25/08/2018 10:35
Crânios encontrados em uma vala na zona rural de Bella Vista Norte, na fronteira com MS (Foto: Porã News)
Crânios encontrados em uma vala na zona rural de Bella Vista Norte, na fronteira com MS (Foto: Porã News)

As três ossadas encontradas anteontem em uma vala no Paraguai, a 5 km da fronteira com Mato Grosso do Sul, é o retrato de mais um capítulo da guerra travada entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho pelo controle do tráfico de drogas na Linha Internacional.

Os restos mortais estavam enterrados em uma propriedade rural na Colônia Sargento Duré, nos arredores de Bella Vista, cidade paraguaia vizinha de Bela Vista (MS), a 322 km de Campo Grande.

Peritos paraguaios encontraram no bolso da calça de um dos mortos um documento de identidade em nome de José Raimundo Gomes Serra, 36, morador em Goiânia (GO). Os outros ainda não foram identificados.

Porcão – Segundo fontes policiais, José Raimundo era braço direito de um dos chefes do PCC na fronteira com Mato Grosso do Sul, Sérgio Ramão Vargas Ramos, 38, o “Porcão”, que usava documento falso em nome de Sérgio Orlando de Oliveira. O bandido comandava uma das células da facção paulista na fronteira.

No dia 22 de fevereiro do ano passado, 15 pistoleiros invadiram a chácara onde Porcão morava, na mesma colônia onde as ossadas foram encontradas.

Armados com fuzis automáticos, eles mataram o segurança do traficante, Fábio Muniz de Souza, e feriram com um tiro na perna o filho de Porcão, Fernando de Araújo Vargas, 18.

O chefe do PCC conseguiu fugir do cerco e correu para o mato, mas foi cercado e morto com pelo menos 80 tiros. A polícia paraguaia cercou a região e prendeu Diego Carneiro, 29, e um adolescente de 17 anos, os dois membros do Comando Vermelho. Os outros conseguiram fugir.

Queria vingança – Registros do departamento de imigração do Paraguai revelam que José Raimundo ingressou naquele país no dia 26 de julho de 2017 e se hospedou em um hotel de Bella Vista Norte no dia 10 de agosto do mesmo ano. Em seguida ele desapareceu.

Para policiais da fronteira, José Raimundo regressou à região para vingar a morte do chefe e retomar os negócios deixados por ele. Bella Vista Norte é a terceira principal base das facções na Linha Internacional – as outras ficam em Pedro Juan Caballero e Capitán Bado.

Só que antes de colocar em prática o plano de vingança, José Raimundo foi descoberto pelos bandidos rivais e sequestrado junto com dois pistoleiros. Segundo a perícia, eles foram torturados, executados e jogados na vala.

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