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Interior

Pavão afirma que cela vip era espaço para reunir presos e ler a Bíblia

Brasileiro preso no Paraguai desmentiu versão de que governo não sabia de espaço luxuoso e disse que ministro o visitou em 2014

Helio de Freitas, de Dourados | 16/09/2016 10:42
Jarvis Gimenes Pavão diz que abandonou crime em 1999 (Foto: ABC Color)
Jarvis Gimenes Pavão diz que abandonou crime em 1999 (Foto: ABC Color)

O traficante brasileiro Jarvis Gimenes Pavão, que se diz evangélico convertido em 1999, quando teria, segundo ele próprio, “parado com as coisas ilícitas”, mandou reformar o setor em que estava recolhido na penitenciária de Tacumbú, em Assunção, para ler a Bíblia. Essa foi a versão contada por ele na entrevista concedida quarta-feira (14) ao jornal ABC Color, o mais influente do Paraguai.

“Ali nos reuníamos duas vezes por dia, entre 25 e 30 pessoas, para ler a Bíblia. Todos sabiam. Essa biblioteca ficava entre a igreja e a sala do diretor. Ali também tínhamos remédios que eram distribuídos a quem não tinha condições de comprar”, afirmou Pavão.

Segundo Pavão, os medicamentos eram comprados por ele ou doados por pessoas de fora, como Silvio Ferreira, ex-ministro da Justiça do governo González Macchi, que ficou um tempo preso em Tacumbú.

Recebeu visita de ministro adjunto - O traficante brasileiro desmentiu a versão do governo paraguaio de que não tinha conhecimento do espaço vip onde Pavão estava recolhido antes de ser transferido, no dia 26 de julho, para um quartel da polícia. Na entrevista, afirmou que uma alta autoridade do governo Horácio Cartes o visitou na prisão.

Segundo ele, o então ministro-adjunto da Justiça Éver Martinez o visitou na cadeia por duas vezes em 2014. “Foi para olhar minha cela, olhar meu celular”.

“Eu não sei se o governo sabia ou não. Mas nos quase sete anos que estive lá, me mudaram umas quatro vezes e o que se fala é que esses locais onde eu estava, que chamam de celas vip, já existiam 25, 30 anos atrás.

O brasileiro afirma que bancou a reforma da ala em benefício dos outros internos, mas não quis revelar quanto gastou nas obras. “Não posso dizer a quantidade exata, porque a construção levou muito tempo”.

Questionado mais uma vez se o governo sabia da reforma, Pavão disse que fez “tantas coisas para todos” no presídio que não tinha como as autoridades do país não saberem das obras.

“Onde as aulas eram ministradas era muito feio, muito sujo. Então eu mudei o chão, pintei, coloquei quadros negros na parede, para facilitar para os professores. Acabei fazendo amizade. Não havia maneira de não fazer, não colocar ar condicionado. Uma coisa é estudar em um calor infernal que se sabe é lá e outra coisa é estudar em um local fresco, refrigerador ambiente mais calmo. Estas coisas que eu fiz lá, não havia nenhuma maneira das pessoas não saberem”, afirmou Pavão.

Sem luxo – O brasileiro rebateu informações divulgadas na mídia de que ele vivia no luxo. “Quero esclarecer que os pisos custaram 35 mil guaranis [o equivalente a 21 reais] o metro quadrado. Ser organizado e limpo não significa que eu tinha luxo”, declarou.

Pavão disse que o guarda-roupa mostrado nas fotos é simples e sem detalhes e negou que tivesse um escritório na prisão: “O que mais me chocou foi a forma como a imprensa mostrou as coisas. Essas fotos que mostram o que seria minha mesa, minha mesa nunca foi. O diretor [da prisão] seria louco de me deixar ter alguma coisa. Era a biblioteca da Igreja Adventista, com livros, bíblias, DVDs. A mesa era de fórmica, não de vidro como a imprensa disse”, explicou.

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