Perto do colapso, região de Dourados tem 1 UTI para cada 50 mil pessoas
Secretário disse que pacientes de Dourados já estão sendo levados para outras cidades
Um leito de terapia intensiva para cada grupo de 50 mil pessoas. Essa é a realidade da macrorregião de Dourados, formada por 33 municípios e onde vivem pelo menos 850 mil habitantes. Quase 60% das UTIs disponíveis estão ocupadas por pacientes com covid-19.
Conforme os dados mais recentes da Secretaria Estadual de Saúde, dos 101 leitos de UTI disponíveis para toda a população dessas cidades, 84 estavam ocupados nesta segunda-feira (30), quando os mapas foram fechados. Existiam apenas 17 disponíveis.
Apesar de abrigar quase um milhão de habitantes, a macrorregião só dispõe de leitos de UTI em Dourados (44), Ponta Porã (29), Naviraí (10) e Nova Andradina (18).
Dos 40 leitos de UTI geral – destinados a pacientes internados por outras causas – 32 estavam ocupados, ou seja, taxa de 80%. Já dos 61 leitos de terapia intensiva do setor covid, apenas nove estavam desocupados (79% de lotação).
Trinta leitos eram ocupados ontem por casos confirmados de coronavírus, 11 por casos suspeitos e 11 por pessoas internadas por outras causas que ocupam UTI no setor de covid por falta de vaga no setor geral.
Dourados, maior cidade do interior e detentora da gestão plena do dinheiro enviado pelo Ministério da Saúde, tinha ontem apenas quatro leitos de UTI disponíveis – um no setor geral e três para pacientes com covid. Segundo a prefeitura, 23 pessoas estão internadas hoje em UTI em Dourados - nove moradores locais e 14 moradores da região.
Há cidades sem nenhuma vaga de UTI, como é o caso de Naviraí. Os cinco leitos para pacientes gerais e os cinco para infectados pelo vírus estavam ocupados.
Ponta Porã, quinta cidade mais populosa de Mato Grosso do Sul, tinha apenas um dos 29 leitos de UTI disponível. Situação pouco mais confortável era de Nova Andradina. Dos 18 leitos de UTI da cidade – 10 para geral e 8 para covid – seis estavam ocupados, sendo três deles por pessoas com covid-19.
À beira do colapso – A falta de leitos de UTI para pacientes de covid-19 em Dourados preocupa o secretário estadual de Saúde Geraldo Resende. Hoje ele fez alerta à prefeitura e pediu união de esforços para readequar a estrutura hospitalar que atende a população douradense e da região.
Segundo Geraldo, existe risco de colapso no sistema de saúde pública se não houver entendimento entre a Secretaria Municipal de Saúde e a Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde de Dourados), que alega falta de repasse de recursos por parte do município.
Geraldo disse ter feito contato hoje com o secretário adjunto de Saúde de Dourados Jackson Leiva e com a direção da Funsaud para pedir a reativação de leitos de UTI. Também pediu apoio da promotora dos Direitos do Cidadão Rosalina Cruz Cavagnolli.
“É preciso que o município coloque no sistema do Ministério da Saúde, chamado SAIPS (Sistema de Apoio à Implementação de Políticas em Saúde), as informações necessárias para a reabilitação dos dez leitos de covid que existiam no Hospital da Vida”, afirmou Geraldo Resende.
Segundo ele, é preciso ainda articular a renovação do contrato com o Hospital Santa Rita, para disponibilizar os leitos anteriormente existentes. No mapa de leitos do Estado, aparecem cinco UTIs nesse hospital, mas não estão sendo utilizados por falta de novo contrato.
O secretário disse que Dourados conta com apenas oito leitos no Hospital Universitário da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e 10 leitos no Hospital Evangélico.
“É número muito pequeno e insuficiente para atender demandas que porventura vamos ter”. Geraldo anunciou que nesta quarta-feira (2) tem audiência no Ministério da Saúde em Brasília para tentar ativar mais leitos de UTI em Dourados.
Através da assessoria, Geraldo Resende relatou ter sido informado pela central de regulação do município de Dourados sobre dois pacientes encaminhados para Naviraí e de mortes ocorridas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) por dificuldades no transporte em casos suspeitos de covid-19.
“É situação que tem que ser resolvida internamente, pelo município, com nosso total apoio. De parte do Estado, temos dado todas as condições e recursos para que não faltem leitos para a população douradense”, afirmou. O Campo Grande News não conseguiu falar com representantes da prefeitura.