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Interior

Piloto e vigia de hangar são presos por forjar sequestro e roubo de avião

Dupla foi presa nesta manhã durante a operação Rota Caipira, suspeitos de envolvimento com quadrilha

Kerolyn Araújo e Viviane Oliveira | 27/06/2019 08:57
Piloto e vigia do aeroporto foram presos na manhã desta quinta-feira (27). (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Piloto e vigia do aeroporto foram presos na manhã desta quinta-feira (27). (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

O piloto Edmur Guimara Bernardes, de 78 anos, foi preso suspeito de forjar sequestro e roubo de aeronave no dia 18 deste mês, em um hangar em Paranaíba, cidade distante a 422 quilômetros de Campo Grande. A polícia foi até a casa dele na manhã desta quinta-feira (27) durante a Operação Rota Caipira. Além de Edmur, também foi preso Idevan Silva de Oliveira, 52 anos, vigia do aeroporto.

A delegada Ana Cláudia Medina, titular da Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), não detalhou quais evidências levaram à prisão, disse apenas que a polícia pediu a prisão temporária de Edmur e Idevan durante as investigações sobre o uso do modelo Cessna 182 Skylane.

O piloto já tem outras passagens pela polícia. Foi suspeito de envolvimento em casos de tráfico de drogas, além de contrabando e descaminho de mercadorias. Já o vigia, durante os dias de sumiço do piloto, não poupou depoimentos sobre como teria sido rendido e obrigado a colaborar com a quadrilha. Depois de encontrada a aeronave, ele passou a negar entrevistas.

Segundo a delegada, além dos dois mandados de prisão temporária, estão sendo cumpridos na cidade cinco de busca e apreensão em residências, em uma fazenda e outros hangares do aeroporto municipal. A operação é comandada pela Deco e tem apoio da 1ª Delegacia Regional de Paranaíba.

Hoje cedo, por telefone, o empresário Samuel Garcia, dono da aeronave, disse ao Campo Grande News que recebeu a notícia das prisões com surpresa. Ele foi comunicado pelo filho do piloto. "Não vou comentar nada, porque qualquer comentário seria superficial e pode ser injusto", resumiu. 

Edmur durante entrevista ao site Destakagora, após retornar com aeronave.
Edmur durante entrevista ao site Destakagora, após retornar com aeronave.

O caso - As investigações começaram com a analise das imagens de 11 câmeras de segurança do Aeroporto Municipal de Paranaíba, que flagraram toda a ação dentro do hangar, na manhã do dia 18. O suposto sequestro envolveu seis homens, quadro deles encapuzados, e durou 44 minutos. Edmur foi levado pelo grupo.

Após reaparecer em aeroporto de Cáceres (MT) no dia 19, o piloto foi ouvido pela Polícia e contou uma história digna de roteiro de cinema sobre as mais de 30 horas que ficou desaparecido, depois de decolar em Paranaíba. Segundo documento da Polícia Civil de Cáceres, no dia 18 de junho, ele estava saindo de casa, quando foi surpreendido por duas pessoas, “ordenando que entrasse”.

Lá dentro, a dupla teria dito que fazia parte de uma facção criminosa, “falando que sabiam que ele tinha as chaves do hangar e que precisavam de um avião que tinha pousado na noite anterior”, em Paranaíba.

Edmur diz que acompanhou os dois homens em uma camionete, abriu o hangar e por volta das 6h30 decolou com destino à fazenda no Paraguai, sem indicar a localização exata. Lá, o piloto garante que permaneceu “o dia e a noite”.

Começa ai o trecho mais cinematográfico da história. Na propriedade paraguaia, Edmur conta ter sido informado que teria de resgatar um outro membro da facção, comparsa dos sequestradores.

Na manhã do dia seguinte, por volta de 6h20 de quarta-feira, ele e os 3 homens deixaram a fazenda no Paraguai e seguiram para a Bolívia, também sem indicar em qual localidade.

Na versão do piloto, na tarde do dia 19, ele “aproveitou uma distração dos suspeitos, e conseguiu dar partida no avião e pousar às 17h15, em Cáceres”.

Ficha corrida - Um dos registros mais recentes da ficha policial de Edmur é de 2017. Um avião de pequeno porte, em nome dele, foi encontrado abandonado em uma lavoura de milho às margens da rodovia BR-163, no município de Mundo Novo, sul do Estado.

Na época, a Polícia Civil foi acionada por vizinhos que viram o avião fazendo um pouso de emergência próximo ao pedágio da rodovia. De acordo com o delegado, Claudinei Galinares, que respondeu pelo caso, a suspeita era de que a aeronave estivesse sendo “usada para contrabando, descaminho ou tráfico, pela forma que foi encontrada”.

Dois anos antes, em 2015, Edmur respondeu processo por pegar um avião sem autorização e nem mesmo plano de voo, com objetivo de atravessar a fronteira com o Paraguai. Na época, ele confessou que a intenção da viagem era pegar produtos de descaminho. A ação foi evitada após a aeronave ser interceptada pela FAB (Força Área Brasileira).

A ficha do suspeito também traz uma apreensão de cigarros e aparelhos eletrônicos que, segundo reportagem no ano de 2013, acabou na prisão de três pessoas, todas de Goiás. A mercadoria seria transportada em um avião que estava parado no hangar que pertencia a Edmur, em Paranaíba.

Treze anos antes, em 2000, o piloto havia sido preso em operação da Polícia Federal contra tráfico de drogas. Conforme reportagem do site Diário da Região, de São José do Rio Preto, o grupo no qual Edmur fazia parte era suspeito de transportar drogas em uma aeronave. Equipes policiais flagraram o momento que os entorpecentes eram descarregados do avião e transferidos para o fundo falso de um caminhão.

Na ocasião, Edmur teria sido a pessoa que fechou o hangar após a entrada da aeronave e que ajudou na transferência da droga.

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