Prefeitura abre sindicância para investigar fraude em prontuário da UPA
Polícia Civil investiga morte de criança atendida na unidade e ontem descobriu que documento foi adulterado
A prefeitura instaurou sindicância para apurar adulteração de prontuário de uma menina de 3 meses na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Dourados, a 233 km de Campo Grande. A criança morreu em junho deste ano depois de ser atendida duas vezes no local. A Polícia Civil afirma que a adulteração está comprovada.
Em nota encaminhada hoje (5) pela assessoria de imprensa, a prefeitura informou que a sindicância é para apurar “eventuais responsabilidades sobre os fatos amplamente noticiados na imprensa local sobre a busca e apreensão de documentos feita pela Polícia Civil”.
Na manhã de ontem (4), o delegado Erasmo Cubas, da Polícia Civil, cumpriu mandado de busca expedido pela Justiça e apreendeu documentos na UPA. Depois, informou à imprensa que o prontuário encontrado no local tem informações diferentes da cópia encaminhada para a polícia.
O secretário de Governo Celso Schuch dos Santos afirmou que a prefeitura “tem todo o interesse” em esclarecer o caso e com a sindicância pretende contribuir com as investigações feitas pela Polícia Civil.
O caso – Com febre e dores, Ana Sofia foi levada pelos pais até a UPA em junho. Foi atendida e liberada. Dois dias depois, com quadro agravado, foi levada de novo à unidade e transferida para o HU (Hospital Universitário), onde morreu.
Segundo o delegado Erasmo Cubas, princípio a família não se conformou com a morte e apontou erro médico. O laudo informa que a morte foi em decorrência de problemas de saúde. No entanto, denúncia anônima à polícia revelou que o documento de atendimento da criança na UPA tinha sido alterado.
O prontuário apreendido ontem tinha detalhes diferentes do primeiro documento, caracterizando crime de falsidade ideológica. “De fato encontramos documentos diversos. O documento apresentado para nós [polícia] não é o mesmo sobre o atendimento no dia dos fatos que estava na UPA”, explicou o delegado. Ele não deu detalhes sobre as informações adulteradas.
A polícia vai intimar para depor todas as pessoas envolvidas do primeiro atendimento até as que forneceram as cópias do prontuário. Cubas considerou muito prematuro falar sobre a causa da morte da criança. “De fato houve atendimento médico. Agora, como esse atendimento foi feito, só a investigação vai revelar”.
Outro objetivo da polícia é descobrir quem praticou o crime de falsidade ideológica com a alteração dos documentos. “Esse crime está materializado porque há documentos conflitantes fornecidos pela própria UPA”, declarou o delegado.