Presídio alvo de investigação por regalias tem “internos ilustres”
Dois ex-vereadores cumprem pena no estabelecimento semiaberto de Dourados e local tem fugas constantes; ex-diretor foi preso em operação do Gaeco por regalias indevidas
Humberto Teixeira Junior e Sidlei Alves, dois ex-vereadores de Dourados, cassados e condenados por corrupção, estão entre os cerca de 400 internos que cumprem pena no presídio semiaberto da cidade, localizado ao lado da PED (Penitenciária Estadual de Dourados), na MS-379, que liga a BR-163 ao distrito de Panambi.
Os dois foram condenados na Operação Câmara Secreta, do próprio Gaeco, que em 2011 desvendou um esquema de fraude envolvendo empréstimos consignados feitos na Câmara de Vereadores de Dourados.
Teixeira já cumpria a pena de seis anos de reclusão semiaberto (trabalha durante o dia e passa a noite no presídio). Sidlei começou a frequentar o presídio no dia 30 de março deste ano, após perder recurso no STF (Supremo Tribunal Federal).
Operação – Nesta quarta-feira (10), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) desencadeou na cidade a Operação Apanágio, que apura regalias indevidas a funcionário público e presos do sistema semiaberto em Dourados.
O agente penitenciário Rogélio Vasques Vieira, que comandou o presídio de abril de 2015 até a semana passada, foi preso hoje pelo Gaeco acusado de peculato, corrupção ativa, corrupção passiva e associação criminosa, praticados no âmbito do estabelecimento semiaberto.
Além da ordem de prisão preventiva, o Gaeco cumpriu cumpre sete mandados de busca e apreensão e cinco mandados de condução coercitiva, todos expedidos pelo Juízo da 2ª Vara Criminal de Dourados.
Entre os locais em que as equipes do Gaeco estiveram foi a empresa Elion Segurança Eletrônica, localizada na Rua Oliveira Marques, no Centro de Dourados.
Rogélio tinha sido nomeado como diretor do presídio quatro meses após a inauguração da unidade. Na semana passada ele foi exonerado do cargo e substituído por José Nicácio do Nascimento. A Agepen informou que Rogélio pediu para deixar o cargo alegando motivos pessoais.
O Ministério Público não divulgou mais detalhes da operação nem os nomes das pessoas investigadas. Rogélio Vieira deve ser levado ainda hoje para Campo Grande.
Fugas – Além dos presos ilustres que cumpre pena no local, o presídio semiaberto de Dourados enfrenta fugas constantes. Em abril do ano passado, 19 detentos fugiram do local em uma semana. Todos eram ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
Além dos condenados que só passam a noite no local, o presídio mantém vários internos em regime fechado, que apesar do direito ao regime semiaberto, mas só começam a sair durante o dia quando arrumam emprego, além de cumprir uma série de normas.