Preso com 4 pistolas, advogado tem de pagar R$ 20 mil para ficar livre
Motorista de carro de aplicativo, também preso, precisa pagar R$ 2 mil para ficar em liberdade
O juiz Marcelo da Silva Cassavara, da 1ª Vara Criminal de Dourados (cidade a 251 km de Campo Grande), concedeu liberdade provisória ao advogado carioca Lucas Gonzalez Faccio, 33, e ao motorista de carro de aplicativo Lucas Alves Senna de Aquino, 28, também morador no Rio de Janeiro.
Os dois foram presos na madrugada de hoje (4) pela Polícia Militar com 4 pistolas 9 milímetros e 10 carregadores escondidos em compartimento secreto no porta-malas do Renault Logan preto, conduzido por Lucas Aquino. O magistrado estipulou fiança de R$ 20 mil para o advogado e de R$ 2 mil para o motorista. Até às 20h15, os valores ainda não tinham sido recolhidos.
No momento da prisão, ocorrida na Rua Nelson de Matos, no acesso do bairro Vila Esperança ao anel viário, na região norte da cidade, o advogado afirmou ter comprado cada pistola por R$ 6 mil em Ponta Porã e disse que as armas seriam para uso pessoal. As armas estavam com a numeração suprimida.
Na Polícia Civil, Lucas Faccio afirmou ser CAC (caçador, atirador e colecionador) e que teria comprado as armas com dinheiro vivo acreditando serem registradas, em uma loja de Ponta Porã chamada “Aventure-se”.
Disse que o vendedor teria prometido mandar a documentação depois, por e-mail, e alegou não ter visto a numeração raspada. Ele também não apresentou qualquer recibo de compra das armas.
O Campo Grande News apurou que não existe nenhuma loja de armas com esse nome em Ponta Porã. A polícia suspeita que ele tenha comprado as pistolas em Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
Apesar da alegação de ser CAC, o advogado foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de uso restrito (numeração suprimida), pois as pistolas não eram registradas, estavam sem número de série e Lucas Faccio não apresentou a “guia de tráfego”, como exige o decreto federal 11.366, de 1º de janeiro de 2023.
Já o motorista do carro, Lucas Aquino, disse que o advogado é seu cliente no Rio de Janeiro há pelo menos cinco meses e o contratou por R$ 3 mil para trazê-lo até a fronteira com o Paraguai. Ele confessou que sabia das armas escondidas no Logan.
Durante a audiência de custódia, nesta tarde, apesar de parecer do Ministério Público favorável à prisão preventiva, o juiz decidiu conceder a liberdade provisória mediante fiança e outras medidas cautelares, entre as quais apresentar comprovação de endereço em cinco dias, se apresentarem todas as fases do processo e proibição de se aproximar da zona fronteiriça do Brasil com o Paraguai ou com qualquer outro país.
Marcelo da Silva Cassavara mandou comunicar à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) que mantenha Lucas Gonzalez Faccio em sala individualizada dos demais detentos, em virtude de sua prerrogativa de advogado até o pagamento da fiança.
Em caso negativo, determinou a transferência dele para a sala de Estado Maior do quartel da Polícia Militar. A reportagem apurou que as duas fianças ainda não foram pagas. As guias de pagamento já estão disponíveis no processo, mas os depósitos identificados devem ser feitos pelas famílias nesta sexta-feira (5), no Rio de Janeiro.
A prisão – Os dois cariocas foram abordados pela Polícia Militar quando deixavam a cidade em direção ao anel viário – rodovia que interliga o perímetro urbano à BR-163. Eles disseram que estavam à procura de posto de combustíveis.
Desconfiados, os policiais decidiram escoltar o carro até um posto na Avenida Marcelino Pires e depois até o 3º Batalhão, na Vila Industrial, onde as pistolas foram encontradas.
Foram apreendidas uma pistola turca Canik, duas israelenses Iwi Jericho e uma Glock, de fabricação austríaca. Lucas Aquino é morador no bairro Engenho Novo, na capital fluminense. O advogado Lucas Faccio reside no bairro Flamengo e tem escritório no centro do Rio.
*Matéria alterada às 20h15 para correção de informações.