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Interior

Protesto em posto de saúde deixa quatro mil pessoas sem atendimento

Comunidade da aldeia Bororó reclama de posto de saúde sucateado, com portas arrombadas e fossas abertas ao redor da unidade

Helio de Freitas, de Dourados | 06/11/2017 09:49
Moradores de parte da aldeia Bororó estão sem atendimento de saúde hoje (Foto: Adilson Domingos)
Moradores de parte da aldeia Bororó estão sem atendimento de saúde hoje (Foto: Adilson Domingos)

Pelo menos quatro mil moradores estão sem atendimento de saúde hoje (6) na aldeia Bororó, em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Para cobrar a reforma do posto de saúde II da aldeia, que tem oito mil moradores, profissionais de saúde, com apoio da comunidade, suspenderam o atendimento nesta segunda e cobram providências da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena).

Junto com a Jaguapiru, a aldeia Bororó forma a reserva indígena de Dourados, a mais populosa do país, com pelo menos 15 mil habitantes. São pelo menos oito mil morando na Bororó e metade dessa população busca atendimento na unidade fechada hoje.

O capitão da aldeia, Gaudêncio Benites, disse ao Campo Grande News que o posto está abandonado. “Já procuramos a Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena], mas nenhuma providência foi tomada. Precisamos de vigia para cuidar do posto, que sofre com invasões e furtos. Tem vazamento em todos os cantos e várias fossas abertas ao redor da unidade”, reclama Benites.

“Nos fins de semana o posto vira até motel porque não tem vigia. As portas dos armários onde ficam os medicamentos estão estouradas”, afirmou o capitão. Benites reclamou da falta de apoio do Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena). “Apoiam só o lado deles e não nos dão apoio”.

Moradores da aldeia que foram ao local em busca de atendimento permanecem em frente ao posto de saúde, em apoio aos profissionais de saúde, como mostra o vídeo abaixo.

Armário de medicamentos com a porta arrombada em posto da aldeia Bororó (Foto: Adilson Domingos)
Armário de medicamentos com a porta arrombada em posto da aldeia Bororó (Foto: Adilson Domingos)

Sesai – Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Sesai informou que a manifestação é justa, mas a reforma da unidade só deve ser feita em 2018. “A prioridade para 2017 foi a aquisição de medicamentos, insumos e materiais, além de capacitação de todos os profissionais de saúde. Capacitaremos mais de 600 profissionais - agentes de saúde e de saneamento, odontólogos, médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e psicólogos – de todos os polos até dezembro 2017”.

Ainda de acordo com a Sesai, todos os polos e Casas de Saúde Indígena estão supridos de medicamentos e insumos. Também foram comprados “equipamentos odontológicos de ponta” para diversos polos e 40 veículos contratados para atender as aldeias.

“Dentro do valor disponibilizado, optamos pelas ações acima descritas, afinal não seria cabível postos de saúde reformados, mas sem profissionais, medicamentos, insumos e materiais. Em 2018 as reformas devem ter continuidade e, dentro do possível, pretendemos reformar todos os postos de saúde indígena e construir outros”.

Segundo a Sesai, na unidade II da Bororó, as portas foram trocadas em julho de 2017, mas quebradas pela comunidade. “Hoje estão sendo enviadas duas portas, como solução paliativa imediata. Existe um processo de reforma e ampliação em elaboração pelo Setor de Saneamento Indígena, que deverá ser encaminhado para Brasília para aprovação e liberação de verbas”.

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