Remoção de pistoleiro para cadeia sem segurança gera crise na fronteira
Juiz paraguaio mandou transferir para delegacia de Capitán Bado o suspeito de ligação na morte de policial brasileiro; ele estava no presídio de Pedro Juan Caballero e polícia teme fuga
Uma decisão do juiz penal de garantias Manuel Marcos Fernandes Arce gerou uma nova crise entre o Judiciário, autoridades do Departamento de Amambay e policiais paraguaios que trabalham na fronteira com Mato Grosso do Sul. O motivo é a transferência do pistoleiro Marcio Ariel Sanchez, 29, o “Aguacate”, para a delegacia de Capitán Bado, cidade onde o magistrado atua.
Preso há uma semana acusado de envolvimento com uma série de crimes na fronteira, inclusive a execução do policial civil Wescley Vasconcelos, 37, no dia 6 de março deste ano em Ponta Porã, Aguacate é apontado como chefe de um grupo de “sicários”, como são chamados os matadores profissionais no Paraguai.
Após ser preso no dia 17 deste mês em Capitán Bado, ele foi levado para a penitenciária de Pedro Juan Caballero, mas ontem o juiz determinou a transferência dele para a Comisaria da Polícia Nacional na cidade onde ocorreu a prisão, para aguardar julgamento.
Para policiais da fronteira, a medida tomada pelo juiz representa um grave risco de fuga do bandido, já que Aguacate é ligado a um dos novos chefões do crime organizado na Linha Internacional, Sérgio Quintiliano Neto o Minotauro. Além disso, a Comisaria onde ele vai ficar preso não teria as mínimas condições de segurança.
Em Capitán Bado, Aguacate é acusado de ter contratado o pistoleiro que matou o vereador Cristóbal Machado Vera, em março deste ano. Antes de abrir seu próprio negócio no submundo do crime, ele foi segurança do traficante Jorge Rafaat Toumani, morto em 2016.
Temendo pela fuga do bandido, o comando da Polícia Nacional em Amambay mandou reforçar o efetivo em Capitán Bado, cidade vizinha de Coronel Sapucaia (MS), a 400 km de Campo Grande.