Sindicato lamenta assassinato de jornalista na fronteira com o Paraguai
Paulo Rocaro foi executado a tiros na noite de domingo (12), em Ponta Porã
Em nota, o Sinjorgran (Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Grande Dourados) lamentou a assassinato do jornalista e escritor Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, 51 anos, mais conhecido como Paulo Rocaro. Ele foi executado a tiros por volta das 23 horas de domingo (12), em Ponta Porã.
A presidente da entidade, Karine Segatto, destacou na nota que “mesmo que a motivação do crime ainda esteja sendo investigada pelos órgãos de segurança, a violência contra a pessoa pode estar relacionada à atividade profissional, tendo em vista que Rocaro foi presidente do Clube de Imprensa da cidade e era editor-chefe do Jornal da Praça e do site Mercosul News”.
Há 31 anos na área jornalística, Rocaro entrou em 1985 no Jornal da Praça e criou o site Mercosul News há aproximadamente cinco anos.
De acordo com a nota, em 8 de novembro de 2011, o jornalista concedeu entrevista para um acadêmico e relatou por escrito sobre as dificuldades e as vantagens de trabalhar com jornalismo na região de fronteira.
“O jornalismo é uma profissão de risco na fronteira. Contudo, a violência contra profissionais de Imprensa é maior por parte de autoridades e marginais brasileiros do que paraguaios. [...] A segurança de um jornalista na fronteira Brasil-Paraguai está numa linha muito fina e frágil do trinômio razão-verdade-responsabilidade. [...]”
Em outro registro de seu pronunciamento, na entrevista que concedeu em 2007 para a tese de conclusão de doutorado do professor da UFMS, Marcelo Cancio, Rocaro denunciou a violência contra jornalistas.
“A gente tem na região de fronteira muitos líderes, seja no submundo do crime, seja no setor empresarial, na política, cuja mentalidade ainda é do interior é do coronelismo, do emprego da força física, da coação moral, das perseguições políticas e os profissionais de imprensa estão sujeitos a tudo isso. Uma matéria que não é do agrado de um político, de um narcotraficante ou de um pistoleiro fatalmente o profissional de imprensa vai responder por aquilo. [...] Enquanto nos grandes centros você publica uma matéria e a pessoa afetada procura a justiça, move ações, aciona a empresa ou o profissional, aqui não tem isso. Aqui o camarada ofendido pergunta quem fez esta matéria? Aí vai direto ao jornalista, seja para ameaçar, seja para pedir um reparo ou direito de resposta.”
Fetems - A Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul também divulgou moção de pesar sobre a morte de Rocaro.
Segundo a nota da entidade, a entidade é solidária a dor dos familiares, amigos e companheiros de luta.
“Esperamos que os órgãos de justiça investiguem o caso e que os culpados paguem pelo crime que comentaram. É indignante saber que por lutar em defesa da liberdade de imprensa, denunciando a verdade diariamente através dos meios de comunicação, um profissional como Rocaro tenha perdido a sua vida”, relatou a Fetems.