Tenente preso com contrabando é processado por corrupção há 10 anos
O tenente da reserva da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Mauro Maurício da Silva Alonso, 59, preso ontem (22) em Presidente Prudente (SP) com 39.500 maços de cigarro contrabandeado, é réu por corrupção passiva acusado de um crime ocorrido há uma década. Apesar do tempo, a ação penal só começou a andar na Justiça Militar em 2010 e até hoje não foi concluída.
Morador em Dourados, a 233 km de Campo Grande, onde comandou o destacamento da Polícia Militar Rodoviária no início dos anos 2000, Alonso foi preso pela Polícia Federal há 11 anos junto com outros 19 policiais militares, durante a Operação Gato de Botas, que desmantelou uma quadrilha formada por PMs que facilitavam a passagem de droga pelas rodovias estaduais de Mato Grosso do Sul.
O inquérito da Polícia Federal foi para a Auditoria Militar, onde se transformou em processo em 2010. Depois de seis anos de audiências, algumas suspensas por ausência de advogado dos réus e centenas de depoimentos de testemunhas, muitos deles por carta precatória, a ação está prestes a ser concluída.
O prazo para alegações finais terminou agora neste mês, mas não há previsão de quando haverá uma sentença.
Outros réus – Consulta no site do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) mostra que Alonso é réu junto com outras 16 pessoas: Sidinei José Berwanger, Marcilio Dias de Oliveira, Francisco Antonio de Souza, Antonio Rodrigues Aleixo, Angélica Aparecida da Silva Ferreira, Hildebrando Jorge Barros Fraga, Inácio Missias Freitas, José Carlos Aquino de Andrade, Roberto dos Reis Costa, Arlindo Carmo Rodrigues, João Ramão Recalde, Rovany Ferreira Penedo, Carlos Ovídio Pedroso, José Adão Pereira da Silva, Admir Assyres Rodrigues e Edival Ferreira da Silva.
Salário – Apesar de réu por corrupção passiva, por se associar a traficantes no exercício da função, Mauro Alonso ainda integra a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, agora como primeiro tenente da reserva.
Como ainda não foi condenado, ele continua recebendo o salário mensal de R$ 11.872,97. Consulta no Portal da Transparência do governo do Estado mostra em novembro de 2016 Alonso recebeu R$ 9.193,55 líquidos.
A remuneração mensal do oficial da Polícia Militar é o dobro do valor que ele alegou receber para levar a carga de cigarro contrabandeado em um caminhão-furgão com placa de Dourados.
Flagrado por policiais militares na altura do km 459 da rodovia Assis Chateubriand, Alonso disse que saiu de Dourados com a carga e entregaria perto de Presidente Prudente. Pelo serviço, afirmou que receberia R$ 50 por caixa de cigarro (total de R$ 3.950) mais despesas da viagem.