Trabalhadores rurais sobrevivem a ataque de onça-pintada no Pantanal
Enquanto tiravam o gado de um arrendamento, dois trabalhadores rurais foram atacados por uma onça-pintada na fazenda onde trabalham na região do Castelo, no Pantanal de Corumbá, a 419 km de Campo Grande. No mesmo dia em que aconteceu o ataque, sexta-feira (01), foram internados no Hospital de Corumbá e receberam alta médica hoje (04), pela manhã, de acordo com o jornal Diário COrumbaense.
O primeiro a ser mordido pela onça foi Isac Araújo Pimenta de Lima, de 23 anos. Pelo menos 20 pontos foram necessários para reparar o corte na perna direita. O tio dele, Oséias Isaque Araújo, de 43 anos, foi ferido no braço direito, onde recebeu 20 pontos de sutura, e na perna direita, que foi submetida a cinco pontos.
“Fomos tirar o gado de um arrendamento e, chegando lá, tinha uns urubus numa área de mato e fui olhar porque sempre tem gado que morre. Desci do cavalo e falei pra ele [para o tio] que achava que era onça. Quando cheguei lá perto, ela saiu e veio em mim", contou Isac em entrevista ao jornal Diário Corumbaense. "Gritei que era onça mesmo, corri, pulei em uma árvore e ela veio e pegou minha perna. Ele viu, veio ajudar e ela atacou ele”, completa. “Ela mordeu e só furou [a perna]. Aparentemente o susto passou, agora vamos ver o tratamento”, conclui.
O tio de Isac, Oséias, não soube explicar como escaparam da onça. Na tentativa de salvar o sobrinho, acabou sendo vítima também. “Quando ele falou 'é onça', ela estava próxima e, assim que eu desci do cavalo, ele falou ‘vem ela, vem ela", explica. "Tinha uma árvore, ele saltou e ela veio correndo igual boi de lá, vi que ela veio com tudo. Ela pegou a perna dele, que gritou, pensei que ela iria matar. Se ele cai, ela vai pra cima dele. Quando eu cheguei, ela deu um tapa na minha mão e pegou a boca no meu braço, aí não vi mais nada. Só Deus mesmo”, lembra. A mordida “arrancou um ligamento”, que foi reconstituído pelos médicos.
Sem acreditar que escaparam das garras da onça, tio e sobrinho subiram no cavalo e correram em busca de socorro. "Na hora que ela bateu a boca eu golpeei o braço e escapei não sei como. Pegou uma unha dela na perna, conseguimos não sei como escapar e saímos ‘vazado’ a cavalo. Andamos uns quarenta ou cinquenta minutos para chegar até a sede e chamar um avião. Se desmaiasse, tinha morrido”, destaca Oséias. Apesar dos ferimentos e da dor intensa, a única alternativa foi cavalgar atrás de ajuda. “Não tinha jeito, tinha que ir. Ou montava a cavalo ou morria”, frisou.
Daqui até as próximas três semanas, as vítimas vão permanecer na casa de familiares até terem condições de retornar à fazenda. Por agora, só fica o susto. “É normal ela [a onça] chegar, comer a carniça e ir embora. Não fica assim cuidando, foi um caso a parte. O comportamento do animal ninguém sabe, cada um tem um jeito. Foi ajuda de Deus, vi aquele bicho ‘trompar’ em mim. Sorte que ela não veio atrás da gente, se viesse...”, finaliza.