Três anos depois, vai a júri réu por morte de boliviano achado em matagal
Crime ocorreu em abril de 2015 após grupo decidir punir vítima após denúncias de estupros de crianças
Valdeir Ferreira Viega, 23 anos, foi encontrado no dia 2 de abril de 2015 em uma região conhecida como “Braço da Cargil”, no bairro Jupiá, em Três Lagoas, a 338 km de Campo Grande, por um pescador. O corpo de Valdeir, que era boliviano, estava no meio do matagal, amarrado com as mãos para trás e com mais de dez perfurações de faca no pescoço. Agora, três anos depois, o caso vai a Júri na comarca de Três Lagoas. A audiência do Júri ocorre na quarta-feira (22) e julga um dos acusados, Luan Pereira Batista.
O caso remete ao tribunal do crime. O assassinato foi decisão de sete pessoas que se reuniram e decidiram pela morte de Valdeir, suspeito de praticar estupros no bairro. O TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) aponta que ele era deficiente. Os abusos sexuais ocorriam contra crianças no Residencial Novo Oeste, onde a vítima morava.
Caso - A Polícia Civil apurou que Valdeir foi sequestrado em seu apartamento por Gabriel Victor Dias Ferreira, 18 anos, e Wesley Ribeiro Martins, 22 anos. Depois do sequestro a vítima teria sido levada até o apartamento do cadeirante Alan Michel da Silva Souza, 24 anos, e sua esposa Mayara Rodrigues da Costa, 28 anos. No local foi feita uma reunião com os demais membros da facção.
A vítima foi mantida em cárcere privado no apartamento e torturada por pelo menos três horas. Ele teve as sobrancelhas raspadas e as unhas pintadas com esmalte. Após a decisão pela execução da vítima, Valdeir foi levado por Luan Pereira Batista, 18, Gabriel e outra pessoa ainda não identificada, para o local da execução, às margens do rio Paraná.
Luan teria desferido golpes contra a vítima. Ele foi encontrado degolado, com várias perfurações na face e toráx, com as mãos amarradas para trás e apresentou sinais de tortura física.
Decisão - Em sentença de pronúncia, o juiz Rodrigo Pedrini Marcos, titular da 1ª Vara Criminal de Três Lagoas, pronunciou Luan pelo crime de tortura, agravado por ter sido realizado mediante sequestro; no crime de corrupção de menor; no crime de organização criminosa envolvendo menor; e no crime de homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e pelo meio cruel empregado, com a agravante de ter sido cometido contra pessoa com deficiência.
Os demais réus, com exceção de Alan Michel da Silva Souza, que faleceu no dia 5 de junho de 2015, foram sentenciados pelos crimes de tortura e de corrupção de menor. O Tribunal explica que em razão do número elevado de réus, à complexidade do crime, e às acusações diferentes que pesam sob eles, o juiz do decidiu desmembrar o julgamento em duas sessões diferentes.