“Um verme desse tinha que estar na cadeia”, diz pecuarista que caiu em golpe
O caso aconteceu no dia 8 deste mês, no Assentamento Indaiá, no município com pouco mais de 21 mil habitantes
Depois de cair em golpe e perder quase R$ 1 milhão na compra de bois, o pecuarista Rodrigo Paiva, 36 anos, reclama que o suspeito, Cristiano da Silva Marques, 34 anos, deveria estar na cadeia e não solto dando prejuízo para a sociedade.
“Ele tem passagem por tráfico de drogas, receptação, assassinato, não sei como está solto, esse verme tinha que estar na cadeia”, disse revoltado com a situação que aconteceu no dia 8 deste mês, em Itaquiraí, distante 405 quilômetros de Campo Grande.
Em entrevista por telefone, o pecuarista de Campo Grande contou que depois de ser informado por um amigo corretor sobre a venda dos bois, viajou para o município na quarta-feira (dia 8), interessado em fazer o negócio.
Na cidade, Rodrigo se encontrou com Cristiano e foi até o Assentamento Indaiá para conhecer o rebanho. Até então, os dois não se conheciam. “Olhei os lotes, fiquei interessado e Cristiano pediu para negociar com um homem chamado Roberto, que seria o dono do gado”, explicou. O contato com Roberto foi feito apenas por telefone, no qual informou cinco contas diferentes para ser feito o depósito.
Segundo Rodrigo, acostumado com esse tipo de negócio, ainda questionou por várias vezes Cristiano se não tinha problema em fazer o depósito na conta de outra pessoa. A resposta do suspeito foi: “Aqui não tem erro. Eu tiro a nota, você paga o gado e está tudo certo”. Toda a negociação foi feita na presença dos pais de Cristiano. “Não tinha como desconfiar de nada”, lamentou. O valor total da compra ficou em R$ 963.530 mil.
O pecuarista fechou negócio com a compra de 244 bois. No primeiro dia, foram separados 158 animais. A escolha do restante do gado ficou para o dia seguinte. “Fui para o hotel em Naviraí e na quinta-feira (dia 9), retornei com as carretas para carregar os bois”, contou. “Cristiano me acompanhou o tempo todo. Apartamos o restante do gado e colocamos nos caminhões”, contou.
Depois de tudo pronto, Cristiano foi tirar a nota na Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal do MS) e mandou os documentos por PDF autorizando a fazer o pagamento nas contas que Roberto havia informado. As transferências foram realizadas às 14h30 do dia 9, via TED. Foram cinco depósitos no valor de R$ 192,706 mil cada um. Enquanto Cristiano foi para a cidade providenciar a documentação, Rodrigo ficou no assentamento.
“Depois que eu fiz o pagamento, o Cristiano sumiu. Não atendia mais o telefone. Comecei a ficar nervoso, com medo”, disse. O suspeito ficou sem dar notícia por 3 horas e retornou no assentamento às 17h30, dizendo que não iria mais liberar o gado, pois Roberto não tinha repassado o dinheiro.
“Falei pra ele: 'Como não? Você autorizou o pagamento. Você emitiu as notas fiscais'”. O clima começou a ficar ruim e houve uma discussão entre os dois. Segundo Rodrigo, começou a chegar gente desconhecida e mal-encarada. “Eles estavam armados. Fui embora de fininho registrar boletim de ocorrência. Fiz o bloqueio da conta, mas já era tarde. O dinheiro já havia sido sacado”, lamentou.
O caso, ainda sem solução, segue sob investigação na delegacia de Polícia Civil do município. "Estou sem dinheiro e sem os bois", reclamou Rodrigo.
Fichado - Cristiano tem passagem por homicídio, furto e responde a processo que investiga a substituição de 173 quilos de maconha por outra de qualidade inferior, que estavam armazenadas no depósito da Polícia Civil. O caso aconteceu em junho de 2019, em Itaquiraí.
Durante o processo, foi apurado que o investigador, Eduardo Luciano Diniz, responsável pelo crime, teve apoio de três moradores da cidade: Cristiano, Moisés Lopes Ferreira, 37 anos e João Ferreira, pai de Moisés. A reportagem não conseguiu contato com Cristiano.