Vereadores cooptavam testemunhas para depoimento falso, diz Gaeco
Além de três mandados de prisão, Gaeco cumpriu nove mandados de busca e apreensão e cinco de condução coercitiva em Jateí
Testemunhas estariam sendo cooptadas pelo presidente da Câmara de Jateí, Francisco Alves de Araújo (PDT), o “Tiquinho”, e pelas vereadoras Rose Monica Duck Ramos (PSL), e Maria Aparecida Neres Leite (PR), presos nesta quinta-feira (10) pela Operação Polígrafo, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O objetivo seria encobrir irregularidades envolvendo a dupla função no serviço público.
“No curso da investigação, verificou-se a cooptação de testemunhas pelos investigados para que prestassem depoimentos inverídicos, ensejando a necessidade das prisões temporárias para a conclusão da investigação”, afirma nota oficial divulgada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul.
Polígrafo era o aparelho utilizado em outros países para apuração da verdade em procedimentos policiais. O nome foi adotado pelo Gaeco em razão da suspeita de falsos depoimentos.
Busca e apreensão – Segundo o MP, além dos três mandados de prisão temporária dos vereadores – válida por cinco dias – foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão de documentos, celular e computadores em residências e na sede da Câmara.
Também foram cumpridos cinco mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento e liberada em seguida. Os mandados foram expedidos pela Juíza da 2ª Vara da comarca de Fátima do Sul, Rosangela Alves de Lima Fávero. Todos os envolvidos prestaram depoimento na sede do MP, em Fátima do Sul.
Participação da Agepen – A operação desta quinta envolveu o Gaeco, a 1ª Promotoria de Justiça de Fátima do Sul e a Gerência de Inteligência da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).
Segundo o Ministério Público, a investigação foi iniciada há seis meses e teve como objetivo a apuração de crimes de peculato e associação criminosa envolvendo os vereadores de Jateí que também são ocupantes de outros cargos públicos. A suspeita é que os vereadores receberem vencimentos relativos aos cargos “sem a contraprestação laboral”.
Participaram da operação quatro promotores de Justiça, 22 policiais militares integrantes do Gaeco, dois servidores da área de Tecnologia da Informação do MP e uma equipe da Agepen. O Ministério Público ainda não revelou o motivo da participação de agentes da agência que administra o sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul.