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Interior

Vídeo mostra que radialista foi executado quando abria a porta do carro

Imagens mostram execução de Humberto Coronel, ontem em Pedro Juan Caballero

Helio de Freitas, de Dourados | 07/09/2022 13:29


Vídeo gravado por câmera de segurança mostra o exato momento em que o radialista e jornalista paraguaio Humberto Coronel, 33, foi morto a tiros no início da tarde de ontem (6) em Pedro Juan Caballero, cidade separada por uma rua de Ponta Porã (MS), a 313 km de Campo Grande.

As imagens, feitas pelo sistema de monitoramento da rádio Amambay 570 AM, onde Coronel trabalhava, mostram o pistoleiro se aproximando de moto no momento em que o radialista abria a porta do carro (veja o vídeo acima).

O criminoso disparou vários tiros com uma pistola 9 milímetros. Assim que percebeu o ataque, Humberto Coronel tentou se virar para correr, mas, ferido, caiu ao lado do carro. Nas imagens é possível perceber que Humberto teve dificuldade para abrir a porta do carro, o que facilitou a aproximação do atirador.

O pistoleiro ainda disparou várias vezes quando o radialista já estava no chão, depois colocou a pistola na cintura e deixou o local tranquilamente. Humberto Coronel foi ferido com oito tiros e morreu no ato.

Dois agentes da Polícia Nacional estavam designados para fazer a segurança em frente à emissora após ameaças sofridas por Humberto Coronel e outro funcionário da emissora, em junho deste ano. Entretanto, eles tinham saído do local e conversavam numa esquina próxima no exato momento do crime. A polícia paraguaia não soube explicar o motivo pelo qual deixaram o posto.

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Mais ameaças – Horas após o assassinato de Humberto Coronel, novas ameaças anônimas foram feitas contra jornalistas da fronteira, especialmente funcionários da rádio. As ameaças chegaram através de mensagens enviadas para o celular da emissora.

“Vão chorar muito mais. Humberto escondeu todas as informações que tinha que passar sobre Gabriel. Todos jornalistas são vendidos, todos vocês o esconderam. Agora foi Humberto e há outros que vão comer chumbo se não falarem onde está Gabriel”, diz a mensagem, escrita em espanhol.

A ameaça anônima continua: “Vocês sabem onde ele [Gabriel] está e vamos ajustar contas. Assim como matamos os irmãos de Gabriel, vamos matar todos os jornalistas vendidos. Lhes damos quatro dias para que nos indiquem [a localização de Gabriel]”.

O Campo Grande News conversou com jornalistas da fronteira e ninguém quis falar sobre o caso, temendo serem as próximas vítimas. Não há informações sobre quem seria o tal Gabriel.

Vinte mortos – Nos últimos 30 anos, segundo jornais paraguaios, pelo menos 20 jornalistas foram executados no país vizinho – a maioria na fronteira com Mato Grosso do Sul. A estatística parte de 1991, quando foi assassinado em Pedro Juan Caballero o lendário repórter Santiago Leguizamón.

Outros conhecidos na linha internacional que tombaram no exercício da profissão estão Pablo Medina, morto com sua ajudante Antonia Almada em Curuguaty em 2014, e Lourenço Veras, o Léo, executado em sua casa em fevereiro de 2020, em Pedro Juan Caballero.

Candido Figueredo, repórter do Jornal ABC Color em Pedro Juan, viveu por vários anos sob proteção policial após sofrer seguidas ameaças de morte vindas do crime organizado. Atualmente ele mora com a família nos Estados Unidos.

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