Militar preso tinha plano para matar juízes federais
Ele usa celulares e sai da cadeia para fazer "diligências".
Detido no Presídio Militar de Campo Grande, o bombeiro Ales Marques é considerado uma ameaça à segurança de juízes federais e de outras pessoas. O temor cresceu após investigação revelar que, apesar de oficialmente preso, ele foi visto fora do presídio.
O MPF (Ministério Público Federal) em Mato Grosso do Sul pediu à Justiça a transferência dele para um presídio federal, preferencialmente fora do estado. O pedido foi ajuizado ontem e divulgado nesta sexta-feira.
De acordo com a assessoria de imprensa do MPF, investigações revelaram que Ales, mesmo preso, arquiteta a morte de desafetos e de juízes federais que atuam nos processos nos quais é acusado de liderar quadrilha de tráfico internacional de drogas. O Ministério Público não divulga o nome das pessoas ameaçadas.
Segundo o MPF, mesmo “preso” desde julho de 2010, o militar acusado de tráfico internacional de drogas e armas continua usando celulares livremente. Pior: vídeo obtido pela Polícia Federal revela que ele deixou o presídio pelo menos uma vez, no dia 14 de janeiro deste ano, sem algema ou mesmo alguma identificação de que é um preso.
Ele saiu em uma viatura da Polícia Militar com um capitão e mais dois policiais para uma “diligência”, até uma chácara de Campo Grande.
Os policiais, segundo o MPF, entraram no imóvel “contra a vontade do ocupante e sem mandado judicial, onde passaram a fazer buscas, sem especificar o que procuravam”.
O Ministério Público solicitou à Polícia Federal providências para resguardar a integridade dos magistrados ameaçados.
Além da transferência, o MPF quer a autorização da Justiça para o compartilhamento de provas com outros órgãos como o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP/MS), Corregedoria da Polícia Militar e a Justiça Militar Estadual e a instauração de inquérito na PF para apuração dos crimes de ameaça e coação contra juízes federais.
Ales Marques foi preso em flagrante em julho de 2010. Ele teve a prisão preventiva decretada em outubro de 2010, durante a operação Maré Alta. O MPF denunciou 18 pessoas da quadrilha, inclusive a ex-mulher e os filhos do militar, que também estão presos. Foram apreendidos, com a associação criminosa, quase 80 kg de cocaína.
Conforme a denúncia, a quadrilha abastecia, em larga escala, os mercados consumidores de drogas de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A cocaína vinha do Paraguai pela fronteira seca entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.
Os processos correm na Justiça Federal de Ponta Porã. O acusado responde a duas ações penais, por tráfico e associação para o tráfico transnacional e interestadual de drogas, além de tráfico internacional de arma de fogo.