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Cidades

Namorada assume como "única defensora" de Cláudio Zeolla

Redação | 13/03/2009 11:31

"Eu quero Justiça e vou defender a imagem do Cláudio", diz Elizângela de Souza Almeida, de 25 anos, que era namorada de Cláudio Alexander Joaquim Zeolla, 24 anos.

Roupas dele, dentro de malas, o crachá de identificação da empresa que trabalhava, e calçados, ainda estão no quarto utilizado pelo casal na casa que Elizângela divide com uma amiga. O ventilador,que segundo Elizângela foi o motivo da briga entre Cláudio e o avô, também está na residência.

O rapaz foi assassinado com um tiro na nunca, pelo tio dele, o procurador de Justiça, Carlos Alberto Zeolla, 44 anos, no dia 3 de março deste ano, em Campo Grande.

Dez dias após o crime, Elizângela está aparentemente bem mais magra, em relação ao dia do assassinato, quando foi entrevistada pelo Campo Grande News pela primeira vez. "Eu emagreci oito quilos e novecentos gramas. Pesava 51, agora estou com 42 quilos". Ela não foi chamada pela Polícia Civil, nem pela Procuradoria de Justiça, para depor.

Naquele dia, ainda bastante abalada com a situação, ela não revelou detalhes sobre o que sabia de Cláudio, após dois meses de relacionamento. Hoje, após ter passado dois dias em um hospital e tomado medicamentos, ela decidiu contar o que sabia sobre o "namorido", como ela e amigos definiam a relação deles. Segundo Elizângela, a intenção é "defender a imagem de Cláudio".

Início - Ela conta que se conheceram há mais de dois meses no trabalho dele, no açougue do hipermercado Extra. "Eu perguntei se não tinha como tirar um pouco da carne moída, porque era muito para eu sozinha. Aí ele disse: para uma menina linda como você, e fofa, eu até arrumo. Perguntou meu telefone e eu passei".

De acordo com Elizângela, eles começaram a conversar por telefone, depois por um site de relacionamentos e então ele passou a freqüentar a casa dela, que fica a uma quadra da residência onde Cláudio morava com os avós. "Ele vinha para minha casa todos os dias. Ficávamos conversando de 21h, 22h, até às 2,3h. Depois de uns 15 dias ele falou que gostava de mim e queria namorar comigo".

Rotina - Eles então começaram a namorar, e conforme ela, Cláudio dormia todos os dias na casa dela, acordava cedo e ia para a casa do avô. De lá, seguia para a academia, depois voltava para a casa dos avós, almoçava com Elizângela na residência dela, a levava para o serviço e ia para o dele. Quando saía do Extra, ia para casa dela.

Essa rotina, segundo ela, foi até segunda-feira, 2, um dia antes dele morrer. Porque nesse dia, Cláudio levou para a casa dela a maioria das coisas dele, até mesmo o ventilador, que conforme ela teria sido o motivo da briga entre o rapaz e o avô, Américo Zeolla, 86 anos. A intenção dele, era não precisar voltar mais para a casa dos avós.

A briga - Elizângela conta que na manhã de segunda-feira, Cláudio ligou para ela, por volta de 8h15, dizendo que havia discutido com o avô e o empurrado. Segundo ela, o namorado disse que a empregada doméstica havia pegado o ventilador dele para descongelar a geladeira, sem que ele soubesse.

Ele não gostou, falou que não queria emprestar e que não era para mexer nas coisas dele. Conforme o relato de Cláudio a ela, nesse momento o avô saiu do quarto e o chamou de vagabundo e que tudo que havia na casa, era dele [Américo}. Foi então que Cláudio o empurrou.

Na terça-feira - No dia seguinte à discussão, Cláudio seguiu para a academia, como de costume. No caminho ligou para Elizângela, e disse que a ex-mulher, Natália, o estava ligando novamente, o perturbando. "Aí eu disse para ele atender ela. Falar que tinha outra, que estava casado e se ela não parasse de ligar eu iria ligar pra ela". "Aí ele atendeu e falava com ela quando levou o tiro", revela Elizângela.

Ela disse que ficou sabendo que o namorado havia levado um tiro, quando uma tia dele a procurou no serviço para buscar os documentos dele, que estavam na casa dela.

Na noite anterior - De acordo com Elizângela, na noite anterior ao crime, Cláudio, que estava de licença médica porque havia cortado um dedão e levado quatro pontos, esteve com ela em uma festa no local de trabalho dela.

Na festa, conforme ela, Cláudio recebia ligações no celular dele "de dez em dez minutos". "A gente até teve nossa primeira discussão nesse dia, porque eu achava que era a ex-mulher dele".

Depois da discussão, ele disse a ela que eram ligações da casa dos avós. Em uma delas, um primo lhe disse para não ir à academia no dia seguinte e para sumir por uns dias. "Eu até falei para ele não ir mesmo, mas ele disse que iria porque gostava e tinha que ir. O Cláudio era muito genioso, quando colocava uma coisa na cabeça, não tirava".

A família - Cláudio não queria que Elizângela tivesse contato muito próximo com a família, porque, segundo ela, ele dizia que não eram boas pessoas. "Um dia ele me disse: o dia em que você conhecer minha família, você vai ver que são pessoas mesquinhas, não são boas e só pensam em dinheiro". "Ele dizia assim: você, toda meiguinha, qualquer coisa que eles falarem você vai se sentir ofendida".

Elizângela lembra que dois dias antes de morrer, no domingo, Cláudio tentou leva-la para almoçar na casa dos avós. "Ele ligou lá e falou: quero levar minha namorada para vocês conhecerem, é com ela que eu quero casar". Então, a tia disse que ele não precisava pedir, que ele poderia levar.

Em seguida, um tio, "não posso dizer se era o Carlos Alberto, mas era um tio", ligou para Cláudio. "Eles começaram a discutir e então o Cláudio disse: meus primos levam as namoradas e eu não posso levar?" Eles então almoçaram macarronada na casa dela.

Sobre a mãe, Cláudio contou a Elizângela que ela era alcoólatra e que havia morrido há cinco anos por conta de cirrose. "Sempre falou que a mãe não era exemplar e que dizia que o pai já havia falecido".

Do avô, Cláudio dizia que nunca tinham brigado e que ele sempre o ajudou. "Inclusive ele pagou o cursinho para ele fazer concurso do Depen" (Departamento Penitenciário Nacional).

No entanto, reclamava que era tratado muito mal, "diferente dos outros primos". "Ele disse que até já tinha morado na rua, que a família sabia, mas não o ajudaram. Ele sabia que já tinha tido falhas, mas queria se redimir".

Elizângela disse ainda que das cerca de 10 pessoas que moram na casa de Américo, Cláudio dizia que era o único que não tinha quarto. "Todos dormiam sozinho e ele, na sala".

Sobre o tio que o matou, "ele não gostava muito dele, porque dizia que era uma pessoa arrogante, era paranóico". "Ele nunca falou que o tio era doente, falou que pegava muito no pé dele".

"Eles se preocupavam tanto com ele, que eu moro há uma quadra abaixo da casa deles e eles não sabiam".

Elizângela conta que no velório do namorado, uma tia falou que a família deles não era unida e que gostaria de ter conhecido ela antes. Ainda no velório, Elizângela disse que queria Justiça para o caso. "Eu disse alto. Eu sei que a Justiça do homem não será feita para quem tem dinheiro. Mas a Justiça de Deus vai haver".

Elizângela disse que já pediu o restante das coisas de Cláudio e que, por enquanto, vai permanecer com as roupas e objetos dele.

Garoto de programa? - Elizângela diz que Cláudio não era garoto de programa, conforme Carlos Alberto disse em depoimento ao procurador-geral de Justiça, Miguel Vieira da Silva, e que não andava com prostitutas.

"Que ponto que ele fazia, se o ponto dele era minha casa?". "Uma pessoa que vivia dentro de casa comigo, ia para academia, me levava no serviço, ia me buscar, era garoto de programa? Você acha que uma pessoa que morava com a namorada, que dormia com a namorada, fazia essas coisas?"

Ela fala que ele era uma pessoa de fala mansa, calma, tinha muitos amigos e que simpático com todos. Romântico, mandava diversas mensagens de amor a ela por celular, e tiravam fotos juntos. As mensagens enviadas por ele e as fotos, ela tem guardadas no celular.

Punição -Para Carlos Alberto, Elizângela diz que quer que ele pague pelo que fez. "Não quero que ele morra. Estou orando para isso não acontecer. Quero que ele pague, mas em uma cela sozinho. Quero que apodreça lá dentro".

Ela diz ainda que gostaria de ficar "cara a cara" com o assassino confesso de Cláudio. "Quero ter oportunidade de falar com ele. Olhar bem na cara dele. Quero ver ele penando, sofrendo pelo que ele fez".

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