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Cidades

Operação prende 23 policiais militares por corrupção em MS

Paulo Fernandes e Nadyenka Castro | 26/10/2011 20:57

PMs recebiam propina e permitiam a entrada de contrabando no País.

Detalhes de como funcionava o esquema foram explicados pelo Gaeco em entrevista coletiva (Foto: João Garrigó)
Detalhes de como funcionava o esquema foram explicados pelo Gaeco em entrevista coletiva (Foto: João Garrigó)

Apontados como parte de uma quadrilha que facilitava o contrabando de mercadorias, 23 policiais militares foram presos em Mato Grosso do Sul. Dois continuam foragidos.

Oito PMs foram presos na operação Holambra, na segunda-feira, com outras 13 pessoas. Em continuidade, teve início à operação “Fumus Malus” (Fumo do Mal) responsável pela prisão dos outros policiais.

Nas duas operações, foram cumpridos 31 mandatos de prisão. Cinco pessoas estão foragidas. Os PMs suspeitos estão no Presídio Militar de Campo Grande.

Todos os policiais envolvidos são do 12º Pelotão da Polícia Militar de Naviraí. Não está descartada a possibilidade de envolvimento de mais policiais e nem de oficiais.

Além dessas prisões, foram cumpridos 60 mandados de busca e apreensão domiciliar. Veículos usados no contrabando foram apreendidos, contas bancárias sequestradas.

A operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) foi feita em parceria com a Polícia Federal, Receita Federal e a própria Polícia Militar.

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, no MPE (Ministério Público Estadual), a promotora do Gaeco Jiskia Sandri Trentin explicou como funcionava o esquema em que policiais militares recebiam propina para facilitar o contrabando.

Dois policiais envolvidos se apresentaram à corregedoria nesta quarta-feira (Foto: João Garrigó)
Dois policiais envolvidos se apresentaram à corregedoria nesta quarta-feira (Foto: João Garrigó)

Os policiais corruptos atuavam em dois grupos, em Sidrolândia. Um cuidava só de contrabando de cigarro. O outro, de outros tipos de contrabando, como pneus e roupas falsificadas. Todas as mercadorias vinham ilegalmente do Paraguai.

As propinas não seguiam uma tabela e oscilavam muito conforme o policial corrupto. Alguns corruptores eram mensalistas, outros negociavam de acordo com a quantidade e tipo de carga que iria passar pela fiscalização.

No trecho da fronteira a Campo Grande, o contrabando era feito em carros de passeio. Os contrabandistas contavam com olheiros com a missão de ver quem estava no posto e verificar se era o policial corrupto. Na Capital, a mercadoria passava para carretas e o carregamento seguia para estados vizinhos.

Já na Região Sul do Estado, além de receberem propinas, os policiais também estorquiam os contrabandistas exigindo o pagamento para a liberação de carregamentos retidos.

Há ainda a suspeita de que um PM agia como batedor e que outro também fazia contrabando de mercadorias vindas do Paraguai.

O Gaeco acredita que os contrabandistas agiam há seis ou sete anos, mas as investigações só começaram há um ano, a partir de denúncias feitas por duas adolescentes na região Sul do Estado.

Em Sidrolândia, a denúncia encaminhada ao Gaeco foi feita há nove meses pela promotora de Justiça Paula Volpe.

O Gaeco ainda apura o volume de contrabando que deu entrada no País por meio do esquema e o aumento de patrimônio dos policiais. Não há estimativa de quanto foi perdido de arrecadação com os crimes.

A Receita acredita que R$ 3 bilhões deixam de ser arrecadados no País por conta de contrabandos.

A promotora Jiskia Sandri Trentin acredita que com as prisões dos PMs haverá uma queda no contrabando porque “tiraram policiais corruptos e colocaram gente honesta que não vai permitir essa situação”.

“Eles eram agentes públicos que não tinham a menor condição de servir a população”, afirmou. “O contrabando é tão forte e tão peculiar em razão da conivência de agentes públicos que recebem propina”, resumiu a promotora.

Além de Mato Grosso do Sul, a operação contra o contrabando foi feita em Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Goiás e Amapá por determinação do Conselho Nacional dos Procuradores de Justiça.

Os policiais vão ser denunciados por corrupção passiva, concussão (exigir dinheiro ou vantagem em razão da função que ocupa) e formação de quadrilha. As investigações deverão ser concluídas em um período de 15 a 30 dias.

Comandante da PM, Coronel Carlos Alberto David dos Santos afirmou que todos os policiais presos serão avaliados pelo conselho de disciplina para verificar se têm ou não condições de continuar na corporação.

Ele afirmou que em 30 dias será apurada a participação dos PMs, mas já garante que “se o policial tiver participação nos crimes será excluído”.

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