Polícia ouve presidente da Fetems e testemunhas da ameaça de morte
A delegada responsável pelas investigações das ameaças de morte feitas por telefone contra o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato grosso do Sul), Roberto Botarelli, colheu hoje (10) os primeiros depoimentos das testemunhas do caso. Com o início do trabalho, a delegada Ana Cláudia Medina, da 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, afirma ter uma linha de investigação.
Foram ouvidos o próprio sindicalista, um funcionário da entidade que atendeu ao telefonema e uma terceira testemunha, que presenciou a ligação.
“O funcionário relatou que o interlocutor estava exaltado, e era bastante grosseiro”, comenta a delegada. Anterior às investigações da Polícia Civil, um técnico em telecomunicações identificou o número de telefone onde partiu a chamada. Falta, agora, chegar à localização do suspeito. “Ouvir os envolvidos e o próprio presidente da Fetems foi o primeiro passo, mas já adotamos uma linha de investigação”, acrescenta.
Em depoimento, Botarelli afirmou estar se sentindo ameaçado, mas negou que tivesse deixado o Estado por causa do episódio do telefonema. “Ele disse que era um compromisso agendado antes de receber a ameaça. Participou de um reunião, e retornou ontem, data que já estava prevista”, explica Ana Cláudia.
A segurança de Botarelli e da família – esposa, três filhas e netos – é feita pela Força Nacional depois que o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, encaminhou ofício ao Ministério da Justiça e à Secretaria Geral da Presidência da República solicitando o apoio.
Ameaças - Botarelli teria sido ameaçado na quarta-feira (4) por liderar o movimento que tentou barrar, na semana passada, o “Leilão da Resistência”, evento promovido por produtores rurais para arrecadar fundos que financiariam ações de combate a invasão indígena em terras do Estado.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Polícia Civil, o boletim de ocorrências 17239, registrado por Botareli às 18h43 do dia 4 de dezembro, diz que uma pessoa identificada como “Maurício Pistoleiro” ligou para a Fetems fazendo ameaças ao presidente.
“É o Maurício quem fala. Eu sou pistoleiro. Avisa o professor Roberto para ele se cuidar que ele vai morrer”, teria dito o ameaçador. O registro policial ainda informa que um técnico de telecomunicações identificou o número de onde partiu a chamada e que uma professora retornou a ligação quando Maurício teria novamente ameaçado: “avisa esse babaca que ele vai morrer”.
No boletim de ocorrência, o presidente ainda diz que uma das lutas da Fetems é a questão indígena no Estado. Ele também lembrou que entrou com pedido no MPF/MS para suspender o Leilão da Resistência que visava a contratação de grupos "paramilitares" para atuar contra os indígenas