Rota principal, MS tem cigarro ilegal como crime "socialmente" aceito
No Estado, contrabando avança pela fronteira seca do Conesul, no trecho entre Mundo Novo e Ponta Porã
Vizinho ao Paraguai, país com 60 fábricas de cigarros, Mato Grosso do Sul entra na rota do “forte” do contrabando do cigarro e um dos efeitos colaterais é o envolvimento de policiais.Neste mês, sete policiais militares foram presos em Campo Grande por suspeita de cobrar propina de “cigarreiros”.
“O cigarro é extremamente complicado porque é um crime socialmente aceito, ele acha que só não está pagando imposto. Mas traz um problema muito grande, a corrupção de servidores públicos.Policiais e fiscais são corrompidos pelo cigarro. Isso cria toda uma estrutura de corrupção de agentes públicos, que deveriam trabalhar para evitar”, afirma o superintendente da PF (Polícia Federal), delegado Ricardo Cubas César.
Em 2012, quando atuava em Guaíra, no Paraná, Estado que também é rota do contrabando, uma ação prendeu 110 pessoas, sendo metade policiais.
Em Mato Grosso do Sul, a principal rota é a fronteira seca do Conesul, no trecho entre Mundo Novo e Ponta Porã. Fora dos limites do Estado, o caminho do contrabando se estende até Santa Helena, no Paraná, perfazendo 400 quilômetros.
Dado do ETCO (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial), divulgados em junho deste ano pelo Campo Grande News, revelam que o comércio ilegal de cigarros transformou em fumaça parte da arrecadação de Mato Grosso do Sul. Em 2016, deixaram de entrar nos cofres públicos R$ 203 milhões em decorrência do contrabando de tabacos do Paraguai.
Os cigarros contrabandeados representam 78% do mercado tabagista do Estado, maior índice do País. Quem vende cigarro de origem ilegal, expoem à venda, mantém guardado, compra, recebe, oculta, ainda que em casa, incide em crime de contrabando e está sujeito à pena de 2 a 5 anos reclusão.