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Cidades

Sejusp estuda ação em área de conflito e espera reverter guerra com diálogo

João Humberto e Nyelder Rodrigues | 14/06/2016 21:13
José Carlos Barbosa disse que já havia conversado com ministro da Justiça a respeito dos conflitos entre índios e produtores em MS (Foto: Arquivo)
José Carlos Barbosa disse que já havia conversado com ministro da Justiça a respeito dos conflitos entre índios e produtores em MS (Foto: Arquivo)

O secretário José Carlos Barbosa, titular da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), disse ao Campo Grande News, nesta terça-feira (14), que estuda ações para colocar fim ao conflito entre produtores e índios na fazenda Yvu, perto da aldeia Te’yikuê, em Caarapó, distante 283 km da Capital. Mesmo assim, cobra providências do governo federal.

José Carlos disse que os bombeiros foram chamados para atender seis indígenas feridos e que a PM (Polícia Militar) foi prestar apoio, pois sabia que a área está em conflito. No retorno, de acordo com o secretário, o pneu da viatura da polícia furou e os indígenas detiveram os policiais por cerca de três horas.

Conforme o secretário, além de bater nos policiais, os índios jogaram gasolina neles. “Os policiais só foram liberados após os bombeiros intervirem, já que uma equipe que fez o atendimento participou de curso de brigadistas e passou uma semana na aldeia. Então tinha certa amizade com os índios e por isso conseguiram liberar os policiais”.

Foram levados, segundo o secretário, três coletes, três pistolas .40 e uma espingarda calibre 12. José Carlos disse que vai tentar recuperar com diálogo os materiais levados pelos índios. “Se não conseguirmos, pensaremos em outras maneiras. Mas, por enquanto, só diálogo”.

Invasão – No fim da tarde desta terça-feira, dez pessoas que estavam sitiadas na fazenda foram retiradas do local com o apoio da PM, em operação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e PF (Polícia Federal). De acordo com José Carlos, a estimativa é que na sede da fazenda estejam de 200 a 400 índios, contando os que estão em barreiras pelo caminho.

“O Estado está com as forças em alerta, mas a investigação e a resolução da situação cabem à esfera federal. A atuação da polícia será feita de maneira padronizada na região e será mais incisiva apenas se houver solicitação do governo federal”, declarou o secretário.

José Carlos Barbosa disse que foi até Brasília (DF) com a deputada federal Tereza Cristina (PSB) há duas semanas para conversarem com o ministro da Justiça Alexandre Moraes. “Levamos até ele um alerta de que a situação no Estado é de grave tensão, pois no fim do governo Dilma foram assinados dois decretos ampliando demarcações de áreas indígenas que totalizaram 74 mil hectares, de Amambai a Caarapó”.

Em resposta a Barbosinha e Tereza Cristina, o ministro comunicou estar preocupado em saber da situação, mas que a conversa foi tão recente, que ainda não houve tempo hábil para tratar sobre a situação de guerra envolvendo índios e fazendeiros no Estado, principalmente em Caarapó.

Caos – O indígena Clodioudo Aguile Rodrigues, filho do vice-capitão da reserva, Leonardo Isnardi, morreu e pelo menos seis pessoas ficaram feridas em decorrência de confronto. Lavouras de cana próximas ao local foram queimadas e a estrada de acesso bloqueada em três pontos.

A PM fez uma barreira na estrada e evita a aproximação dos jornalistas que acompanham as negociações. Até agora, são seis fazendas invadidas, de acordo com moradores da região.

De acordo com o subcomandante do 3º batalhão da PM de Dourados, major Everson Rozen, equipe da corporação se deslocava até a região quando o pneu da viatura furou, conforme relatou o secretário Barbosinha. Sem chave de roda, um caminhão que havia furado um dos bloqueios parou para ajudar os três policiais.

Neste momento, cerca de 50 indígenas espancaram os quatro homens e roubaram suas armas, incendiando os veículos. A situação ficou tensão após os índios invadirem a fazenda, tomarem a sede no domingo (12) e manterem o caseiro como refém.

Para tentar resolver a situação, produtores rurais que ainda não foram identificados seguiram hoje ao local. De acordo com o presidente licenciado do Sindicato Rural de Caarapó, Antônio Maran, fala-se em 200 fazendeiros envolvidos no conflito.

No local, estão equipes do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), PM, PRF e PF, sob o comando do tenente-coronel da PM, Carlos Silva, e de um delegado da PF de Dourados.

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