Sequestradora diz que saiu com bebê pela porta da frente
Regina Célia Gomes, de 30 anos, presa nesta tarde depois de sequestrar um recém-nascido da maternidade do Hospital Universitário, em Campo Grande, contou ter entrado normalmente pela recepção do hospital e saído pelo mesmo lugar com a criança nos braços sem ser barrada por ninguém.
"Entrei e subi na maternidade, onde vi a mãe dormindo e peguei o bebê", detalha. Ela nega que tenha planejado a ação e diz que simplesmente foi até o hospital e pegou a criança.
A mulher, que há cinco anos foi presa por tráfico de drogas, tem três filhos homens, mas nenhuma menina. Nos últimos seis meses ela forjou uma gravidez porque perdeu um bebê aos três meses de gestação.
Regina decidiu levar a farsa adiante para não perder o marido. Apesar de alegar que não planejou a ação, ela começou a fazer o enxoval há três meses. Ela diz se arrepender da ação e que depois de ser presa se colocou no lugar da mãe da menina. "Sinto vergonha", diz.
O marido, Nelson Pedreira, de 35 anos, pedreiro, diz que em nenhum momento desconfiou da falsa gravidez. "Desconfiar de que? Barriga ela tinha", justifica. Ele confessa que ter um filho é "o maior sonho" da sua vida e que há tempos ele tenta.
O casal está junto há cerca de quatro anos e mora no bairro Itamaracá. A mulher irá responder por sequestro e será encaminhada ao Cepol (Centro Especializado de Polícia da Capital). O pedreiro diz que, apesar de ela ser sua esposa, quer que pague pelo que fez, e não quis informar se irá continuar com ela.
Ação - Depois de sair da maternidade, a sequestradora tentou pegar um moto-táxi em frente ao hospital, mas diante da recusa do profissional ela foi de táxi até o posto de saúde do bairro Coronel Antonino.
"Fui ver se estava tudo bem com a criança", diz. De lá, a mulher conseguiu encaminhamento de uma assistente social e foi levada de ambulância até o posto das Moreninhas. Depois de ser consultada, ela foi interceptada pela Polícia Militar quando andava pela rua.
Os policiais pegaram a criança e levaram para a mãe fazer o reconhecimento, no hospital, e deram voz de prisão à mulher. Ela diz que não teve nenhuma ajuda na ação e que criaria a menina como se fosse sua filha.
A direção do Hospital Universitário informou que irá abrir sindicância para verificar como a sequestradora conseguiu tirar um bebê da maternidade sem ser vista.