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Em Pauta

2.000 meninas nos haréns do ditador paraguaio Stroessner

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/06/2023 08:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

"Kurupí" é uma figura lendária paraguaia. Trata-se de um anão de pele rugosa detentor de um penis que lhe dá várias voltas no corpo. Sua atividade predileta é aproximar-se de meninas e violentá-las. Esse ser mitológico se tornou o único recurso das famílias empobrecidas paraguaias para frear a vontade de suas filhas pequenas de brincar fora de casa durante a longa ditadura. Sabiam do imenso perigo que corriam. Segundo a recente pesquisa do jornalista Andrés Comán, houve ao menos doze centros onde meninas sequestradas eram escravizadas sexualmente por Alfredo Stroessner e seus amigos próximos.


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O relato de Júlia.

Há dezenas de relatos sobre essas atrocidades. O mais contundente é o de Júlia Ozório Gamecho, que tinha 13 anos quando foi sequestrada. Era fevereiro de 1.968. Júlia vivia em um pequeno povoado de não mais de 3.000 habitantes. "Chegou um senhor gordo, pançudo", narra a sequestrada, "com dois soldados que apontavam fuzis para a mãe, as irmãs e para ela". E continua contando que ele disse: "levarei esta mais chiquita", antes de colocá-la no carro. A levou para San Lorenzo, cidade próxima de Assunção. "A primeira noite foi horrível. Não há palavras humanas que possam expressar minha dor", recorda Júlia em seu livro "Uma rosa e mil soldados", publicado em Buenos Aires. "O Lobo saciado e ébrio seguia roncando em sua cama. Eu dormia no chão, com dor" diz outro trecho chocante da publicação.


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Um coronel chefiava os haréns.

Pedro Julián Miers era o "Lobo", citado por Júlia. Ele chefiava todos os haréns do ditador. Era um coronel do exército paraguaio, encarregado da segurança de Stroessner. Júlia deveria ter sido entregue ao ditador, mas Miers decidiu mantê-la presa por dois anos para seu próprio deleite. Ficava em uma cela, com pouca comida, exposta também aos abusos dos soldados que a custodiavam. Algumas vezes, o coronel a vestiu elegantemente e exibiu em público. Não havia a quem pedir socorro, todos faziam parte do esquema de perversão.


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Meninas na mira.

"Os caçadores de meninas eram militares de patentes menores, capitães, tenentes....que se dedicavam a procurar meninas para decidir quem iriam raptar naquele dia, para o prazer do presidente. Esses sequestradores e assassinos morreram como anjos", relatou Júlia. Muitas das meninas tinham apenas 8 ou 9 anos. O jornalista Andrés Colman acaba de lançar um livro intitulado "As orgias do general, crônica sobre as meninas vítimas sexuais da ditadura strosnista". Também há documentos, compilados por José Elizeche, sob o título "Calle del Silencio" (Rua do Silêncio), disponível na internet.

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