A alternativa de Brasília será pelo aumento de imposto
Nuvens abarrotadas de gelo circundam Brasília. A capital vive a angústia de mais uma tempestade perfeita. Apesar dos enormes esforços da equipe econômica que vem segurando milagrosamente a taxa de câmbio, o risco Brasil, mantendo a redução significativa da taxa de inflação e ainda consegue tempo para namorar a OCDE, perdemos o senso de urgência para dar início à resolução de todos os imensos problemas que nos atingem a todos, encabeçados pela ausência da segurança e do sistema de saúde. O fato é que a situação fiscal, leia-se dinheiro no cofre do governo, continua horrorosa. Brasília vem assistindo, sem noticiário algum, uma quebra estrutural entre a evolução do PIB e a evolução da receita.
Nem tudo está perdido. Nem os mais ingentes esforços para destruir, lavraram seu intento na totalidade. A destruição da economia é imensa, mas não é uma hecatombe. A produção industrial subiu 0,8%. A venda de automóveis cresceu 3,65%. Há mais empresas investindo em tecnologia. Os pedidos de falência caíram 12,4% e os pedidos de recuperação judicial caíram mais do dobro (26,3%). Até o dado mais angustiante que é o desemprego, parece ter perdido força - já não cresce como dantes.
Mas é inquestionável que o Brasil teria de crescer com o mesmo ímpeto de dois meses atrás para que o governo conseguisse ter dinheiro no cofre que resolvesse um impasse que vem se arrastando há décadas: a rigidez das despesas obrigatórias que, sistematicamente, superam o crescimento da taxa de inflação. Acrescente-se a esse novelo, a dificuldade de Temer manter-se no poder e por consequência, a liberação de recursos para os parlamentares que não veriam esse dinheiro ir para suas bases em um bom espaço de tempo.
A combinação desses eventos, leva inexoravelmente, a necessidade de aumentar a carga tributária. A candidata é a Cide, mais fácil de ser aumentada e com ótimos resultados para os cofres estatais. Preparem o bolso, passeiem com o carro enquanto podem. O aumento do imposto da gasolina ocorrerá.
Embargo dos EUA para a carne bovina brasileira é insignificante
Há muito alarmismo para as vendas brasileiras de carne bovina. É fundamental que perguntem quem ganha que esse clima de desespero que se abateu sobre o setor. Sem essa resposta, tudo o mais não passa de filme de terror, pode assustar incautos. O números são os senhores da razão nesse caso. Senão, vejamos se eles não explodem o alarmismo: o Brasil, no primeiro semestre de 2017, exportou 3,1 milhões de toneladas de carnes bovinas, frescas e industrializadas, que renderam US$6,9 bilhões. O valor subiu 4,6% em relação aos US$6,6 bilhões registrados no mesmo período de 2016. E desse Everest de carne, quanto foi para os Estados Unidos antes do embargo? A insignificância de um "cupinzeiro", tão somente 14 mil toneladas de carne fresca com recebimento de US$59 milhões. As vendas para os EUA têm importância apenas para a área de marketing. Somente a propaganda de que os EUA compram a carne bovina brasileira poderia nos render algum efeito psicológico. É pouco. Não se assustem.
A cópia do modelo coreano fechou os olhos do governo brasileiro
O Brasil sempre está em busca de um modelo econômico que nos retire do atraso às pressas. O eterno gigante adormecido sempre tem pressa de acordar, mas só acorda por poucos minutos e volta a dormir. O traslado do modelo sul-coreano algumas de suas características mais importantes, como o investimento massivo em educação, especialmente no nível básico e na formação tecnológica. Além desse erro nos fundamentos de uma cópia mal feita, a operacionalização do modelo de incentivos do BNDES, e de outros subsídios governamentais, apresentou falhas primárias que anularam quaisquer perspectivas de sucesso. Não tivemos o aumento sonhado da produtividade, do investimento e, enfim, do crescimento da economia.
Ao contrário, o que se viu foi, na melhor das hipóteses, a estagnação da produtividade e da taxa de investimentos nos últimos anos. Pior ainda, a concessão de subsídios feitos pelos governos anteriores, foram incrementados desconsiderando a capacidade dos cofres públicos, o que foi decisivo para a situação de penúria que Brasília ora vive. A falha maior diz respeito à falta de mecanismos objetivos e transparentes de avaliação dos custos e dos benefícios sociais envolvidos em cada proposta de incentivo. É por isso que a quase totalidade das empresas que foram ao BNDES - notadamente a OI - não conseguiram o sucesso pretendido pelo programa "campeões nacionais". Viraram "destruidores nacionais". A cópia, mal feita, cegou o governo. Afundaram nossa economia.
O banco mais antigo do mundo permanecerá funcionando
Monte dei Paschi di Siena. Esse é o mais antigo banco do mundo em atividade. Foi fundado em 1472 na cidade que leva no nome. Atualmente possui cerca de 1.800 agencias, 28 mil funcionários e 4,5 milhões de clientes. Também possui uma imensa coleção de obras de arte e milhares de documentos históricos de grande valor, guardados ao longo de seus seis séculos de existência.
Em outubro de 2014, as ações do banco foram suspensas depois de terem tombado cerca de 20% em dois momentos na Bolsa de Milão. O banco esteve próximo de cerrar suas portas. Todavia, o banco conseguiu há poucos dias a aprovação da Comissão Europeia para receber 5,4 bilhões de euros de injeção de capital do governo italiano. Se outros bancos são grandes demais para os governantes deixarem que cheguem à falência, o Monte dei Paschi di Siena é antigo demais para desaparecer. Idade também tem peso. Pelo menos para os bancos europeus.