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Em Pauta

A fome ensinava a comer: as crianças na Guerra do Paraguai

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/07/2023 07:30
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Para as crianças, aqueles anos de fuga para o mato, durante a Guerra do Paraguai, foi uma aventura continua. Ignorando o perigo da invasão em Corumbá e Miranda, o veneno das cobras, o bote traiçoeiro da sucuri, as crianças tiveram uma infância de correria à procura de guavira, de pitanga, de um araçá mais doce, além dos mergulhos nos córregos e lagoas.


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A coleta dos frutos.

- Não gosto de mangaba, tem cheiro de carrapato! - reclamava uma criança. Mas a algazarra e a brincadeira das outras a envolviam e ela acabava comendo. Outra, dizia que o jatobá era ferido, "preguento" e gruda no céu da boca. Mas a mãe dizia que não tinha outra coisa. A fome ensinava os pequenos a comer.


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Mamão entre pedra velha é mais doce?

Perto das taperas, onde moravam, pés de lima e de maracujá eram comida certa. Também encontravam sombrios e azulados pés de tamarindo com suas bagas azedinhas, boas para matar a sede. É sempre questionavam: por que os mamoeiros entre velhas pedras tinham as frutas mais doces? Sorte era encontrá-los antes dos sanhaços. As goiabas da mata não eram tão boas quanto às de Corumbá e de Miranda. Quando encontravam jabuticaba era preciso que as mães ralhassem para tirá-las das árvores. "Não engulam o caroço, criançada. Isso prende a gente!"


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Janta de pombas e rolinhas.

As crianças, armando arapucas, muitas vezes garantiam a janta pegando pombas e rolinhas. Nas lagoas pegavam traíras, que já levavam limpas para a tapera onde moravam. Nos córregos pegavam os bagres e piraputangas. As bocaiuvas e jenipapos serviam de isca. Aprendiam a pescar os grandes peixes com os índios que viviam com eles. Pintado, pacu, dourado e jaú eram pesca exclusiva da arte indígena. Também ensinavam a escapar dos ferrões dos bagres e das arraias. O tempo passava com as crianças fugitivas escondidas no mato, a esperar aflitos a hora certa de voltar para casa. Mas a guerra continuava....
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