A grande revolução das galinhas: de ovos a frangos
A batalha contra a fome envolveu uma revolução polêmica na criação de animais, que os críticos agora desdenham como "criação industrial". Nenhum animal representa melhor do que a galinha a enorme escala dessa revolução. Parece estranho imaginar isso agora, mas até as primeiras décadas do século XX, as galinhas eram em grande parte criadas apenas para a produção de ovos, não de carne. A imensa maioria das famílias que criavam galinhas só as sacrificava quando não estavam mais produzindo ovos em número suficiente.
Um mero erro de digitação.
Essa revolução envolveu um simples erro de digitação e uma moça genial. No início dos anos 1.920, em Delaware, nos EUA, uma jovem chamada Cecile Steele mantinha um pequeno número de galinhas poedeiras na fazenda da família, principalmente para obter ovos para consumo próprio. A cada primavera, encomendava cinquenta pintinhos de uma incubadora local. Mas, em 1.923, um erro da incubadora acrescentou um zero ao pedido.
Devolver ou mudar o mundo?
Apareceram 500 pintinhos na porta de Cecile. Um cliente comum devolveria o excedente. Mas a moça teve uma ideia brilhante. Guardou os pintinhos em uma caixa de piano vazia até um madeireiro construir um novo galpão grande o suficiente para abrigá-los. Engordou os animaizinhos com suplementos alimentares recém inventados e quando chegaram a um quilo vendeu 387 deles, obtendo um lucro considerável. No anos seguinte, dobrou a aposta. Comprou 1.000 pintinhos.
Quem quer galinha velha?
Até Cecile, a maior parte dos galináceos comprados por restaurantes e mercearias eram galinhas velhas, vendidas para preparar ensopados. As aves de Cecile eram jovens, o que significava uma carne mais macia e mais adequada para fritar. Cinco anos depois da entrega errônea dos 500 pintinhos, Cecile tinha construído a primeira granja moderna de frangos e vendia 26 mil aves por ano. Em mais dois anos, estava vendendo 250 mil.
As vantagens do frango.
Centenas de fazendeiros aderiram ao sucesso criado por Cecile. Descobriram que os frangos de corte eram produtores muito mais eficientes que porcos e vacas. Exigiam espaço reduzido e eram vendidos em apenas algumas semanas, enquanto uma vaca levava mais de um ano. Na década de 1.950, descobriram que suplementos de vitamina D e antibióticos permitiam que os frangos vivessem em ambientes fechados e sem luz solar.
A eficiência dos frangos frente às vacas.
Logo, estavam amontoando 30 mil frangos em gaiolas de arame tão pequenas que as aves não tinham espaço nem para abrir as asas. Era possível produzir um quilo de frango com dois quilos de grãos (1 por 2). Já um quilo de carne de vaca exigia seis quilos de ração (1 por 6). Os mercados foram inundados por carne de frango a preços inacreditáveis. A galinha velha virou frango de ouro.
