A história do impeachment de Dilma (antes que a esqueçam)
Em verdade, há dois riscos de esquecimento dessa história: o de Dilma e o da história de seu impeachment. Em novembro de 2014, cerca de duas mil pessoas concentraram-se em uma manifestação na Avenida Paulista, no centro de São Paulo. Estavam alucinados. Era o fim de semana seguinte às eleições vencida por Dilma Rousseff.
A manifestação tinha como principal agenda o retorno da ditadura militar ao país. Sonhavam com uma nova intervenção do Exército para remover a presidente recém reeleita. Alguém se lembrou de levar um cartaz pedindo impeachment. Seu nome não passará para a história. Ninguém sabe quem foi o autor da ideia. A imprensa tratou o grupo em um pé de página, sem importância, uma mera curiosidade.
Era como escrever a manchete de uma notícia sem a existência de um texto. Impeachment! Mas não existiam respostas para a pergunta principal: porque impedir Dilma de exercer seu segundo mandato? Mas, se a alusão à ditadura militar causava engulhos, náusea, a palavra "impeachment" ficou pairando nas consciências da oposição moderada. Era necessário chamar intelectuais para a calibrar e gente para a difundir. Chamaram Ives Gandra Martins, um respeitado jurista. Ele defendeu que o sucateamento da Petrobras podia justificar o impeachment. Um mês depois, meia dúzia de pessoas foram às ruas clamando por impeachment.
Enquanto outro diminuto grupamento foi montar barracas à frente do quartel militar principal de São Paulo. Dois polos opostos. Passo a passo os intelectuais e os jornalistas foram depurando a ideia de impeachment. As manifestações nos finais de semana na Avenida Paulista se tornaram rituais e cresciam. A da frente dos quartéis desaparecia. Os tucanos, como de costume, hesitavam. Até que Eduardo Cunha, envolvido em toda ordem de escândalos, se tornou réu na Lava-Jato e alvo de destituição no Conselho de Ética da Câmara de Deputados. Para se salvar no Conselho de Ética, Cunha necessitava dos votos do PT.
Ao mesmo tempo, para não sofrer o impeachment, o governo Dilma dependia dos humores de Cunha. Ficaram, como cães e gato, durante semanas. Um dia, o PT decidiu que votaria contra Cunha. Ele, no mesmo dia, decidiu retirar o impeachment do forno. O trabalho todo ficou com Cunha que afundava junto com o governo. Morreriam abraçados e se esfaqueando? O PSDB apareceu para dizer que impeachment era inevitável. O PMDB e outra dezena de partidos espreitava Dilma, só atacaria quando a presa estivesse mancando. Para se salvar, o governo entrou em um leilão imoral de deputados. O povo não saia mais das ruas. As multidões e a raiva aumentavam e assustavam. Só interessava o título da matéria do jornal: IMPEACHMENT!
O planeta envelhece. A economia dos idosos.
Pela primeira vez na história da humanidade, a população com mais de 65 anos ultrapassará a das crianças com menos de 5 anos. Essa é a maior transformação social, política e econômica de nossa era. Todos ainda subestimam a importância dos idosos, como se fazer aniversário não fosse problema nosso. Isso não combina com a matemática e com o tempo. Só nos Estados Unidos, a economia dos idosos movimenta US$ 7 trilhões ( R$ 25 trilhões). Se os idosos norte-americanos fossem uma nação, seria a terceira mais rica do planeta. Em 2020, eles terão três vezes mais. Algo como R$ 60 trilhões estarão nos bolsos desses longevos. Parece impossível interromper esse movimento entre econômico e malthusiano. Porque em 2050 haverá no mundo mais de 2 bilhões de habitantes com mais de 65 anos de idade.
Os idosos e os lucros fabulosos da indústria farmacêutica.
Mais tempo sobre a Terra significa também maior chance de adoecer. O câncer é o barqueiro que leva os idosos para o outro lado. E é também um filão de ouro para a indústria farmacêutica. A tal ponto que os medicamentos para essa enfermidade já representam 10% do mercado farmacêutico mundial. E nos próximos cinco anos chegarão nas prateleiras uma gama de novos remédios que farão com que as vendas de fármacos contra esse mal superem os demais mercados farmacêuticos. Essa química revolucionária que está sendo preparada nos laboratórios é a esperança para lutar contra uma enfermidade responsável pela morte de 25% das pessoas com mais de 65 anos. Cerca de 8,2 milhões de pessoas morrem por ano por sua culpa. Outro assassino do tempo é a demência. A cada ano são diagnosticados 7,7 milhões de novos casos no mundo. E esse número triplicará em 2050. Entre todas as suas variantes, o Alzheimer é a patologia mais comum, e sua cura é considerada o santo graal da indústria farmacêutica.
Há outra epidemia global que ameaça ceifar milhões de vidas e custar bilhões: a obesidade. Ela poderá ser o maior desafio a ser enfrentado pela humanidade em poucos anos. O número de obesos triplicou desde 1980. Nenhum país melhorou seus indicadores de obesidade desde então, e a conta a pagar é astronômica. É calculada em mais de R$ 8 trilhões, o equivalente a 2,8% da riqueza mundial. É o mesmo impacto provocado pela violência armada, pelo terrorismo e pela guerra. Existem no planeta 671 milhões de obesos. É o melhor parque de diversões da indústria farmacêutica, de empresas de alimentação, de dietas, de roupas esportivas.... até de companhias aéreas. A Samoa Air foi a primeira empresa aérea a cobrar de seus passageiros em função de seu peso e outras estão aderindo à onda.
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