A idade subjetiva: sentir-se mais jovem do que é realmente

Ana tem 65 anos cronológicos e 40 subjetivos. Não estava totalmente consciente dessa dissociação até que entrou na fila da vacina contra a covid. "Essas pessoas tem a minha idade? Ficarei assim quando envelhecer?", disse às amigas. Tinha ocorrido o mesmo fenômeno com muitas delas. Quase todas. Segundo um estudo mundial, publicado em "Psychonomic Bulletin& Review, os adultos maiores de 40 anos percebem a si mesmos, em média, 20% mais jovens do que consta em sua carteira de identidade. Isso começa quando saem da faculdade e perdem o contato com seus colegas.

Acontece em Marte.

O envelhecimento subjetivo parece ocorrer em Marte, onde uma década terrestre equivale a 5 anos marcianos. Não é algo matemático e nem acontece com todos, mas chega um momento na vida em que muitas pessoas começam a dissociar-se do número que consta na vela que está em cima da torta de aniversário. Sem dúvida alguma, é uma forma de negação defensiva que permite distanciar-se do estigma associado ao envelhecimento. É um mecanismo de resistência aos estereótipos sociais que colocam o idoso em lugar nenhum, simplesmente promovem seu desaparecimento.

Melhores condições de saúde?

Autoperceber-se com uma idade subjetiva menor que a real pode ter efeitos positivos. Algumas pessoas que o fazem tendem a ter melhores condições de saúde, ser mais felizes com suas vidas e inclusive a morrer com idades mais avançadas. Mas as pesquisas que demonstram essas condições devem ser observadas com lupa. Ninguém sabe se a idade subjetiva é causa ou consequência dessas melhorias nas condições de vida. O que realmente importa é estarem ativas. Muito ativas. Bem mais que a média de outras pessoas de sua idade cronológica. A idade subjetiva, ao contrário do que muitos dizem, não está apenas na cabeça, no cérebro, tem de estar no corpo todo.