A origem das procissões no Brasil e a memória das Onze Mil Virgens
As tradicionais procissões que vemos na Semana Santa tem sua origem na Antiguidade. Muitos povos e religiões realizavam procissões. Os gregos e romanos as apresentavam em homenagem a Dionísio ou Baco, ao final da colheita das uvas. Os judeus já faziam procissões na Páscoa, em Pentecostes e na Festa do Tabernáculo. Os primeiros cristãos recebiam Jesus com festas similares às procissões. Após a morte de Cristo, se reuniam em procissões para levar os corpos dos mártires ao túmulo.
No Brasil, documentada, as procissões tiveram início no Colégio dos Meninos de Jesus, na Bahia. O responsável pelos meninos, Padre Francisco Pires, solicitou ao Colégio dos Órfãos de Lisboa o envio de instrumentos musicais. Para justificar seu pedido, reafirmava a influência da música na ação dos missionários em suas investidas pelos sertões. Os índios eram fascinados por música de tal forma que permitiam até a entrada de seus inimigos em suas aldeias desde que estivessem tocando alguma música.
O que em suas primeiras experiências de contato com as aldeias indígenas os padres iriam permitir era apenas a atração dos índios mais jovens através da singeleza das festas portuguesas de origem rural. No início era apenas música do gênero folia. Folia a que não se deve atribuir nenhum significado religioso, mas de simples diversão popular.
Além das raríssimas folias, os alunos dos colégios dos jesuítas contavam com eventuais diversões em meados do século XVI. A mais comum era "tirar o santo" - realização de um sorteio para escolher um nome de santo destinado a figurar como patrono das turmas. Nessa festa, os alunos podiam dançar. Além das folias e "tirar o santo", havia a procissão de Corpus Christi. Nela, os alunos colaboravam com as "danças e invenções à maneira de Portugal", que incluía música e representações teatrais. À partir de 1584, surgiria a "Memória das Onze Mil Virgens".
As 11 virgens que viraram 11 mil.
Na procissão das Onze Mil Virgens, os alunos do Colégio dos Meninos de Jesus tinham posição de destaque. Essa procissão começou a ser organizada em 1583 com a chegada de uma cabeça, provavelmente em madeira, de uma das virgens. A procissão só ocorreria no ano seguinte. Tal como quinhentos anos depois, nos desfiles de escolas de samba brasileiras, a procissão solene das Onze Mil Virgens levava às ruas no dia 21 de outubro de cada ano a encenação de uma lenda como se tivesse sido construída para um carnaval religioso: a história do sacrifício de onze mil virgens da Bretanha, mortas pelos hunos por insistirem na defesa de suas virgindades. O edificante episódio teria ocorrido nos anos de 238, 283, 383, 428 ou 451ninguém sabe ao certo. Uma moça de nome Úrsula teria comandado a fuga inicial das virgens e, logo a seguir, as teria conduzido à morte para que os hunos não as deflorassem. A leitura errada dessa história em textos medievais, fez que acrescentassem mil ao número de 11 virgens. De 11, viraram 11 mil virgens.
Chorar para pedir ajuda.
Em comparação com outros líquidos corporais, as lágrimas são muito pouco estudadas. Há muitos inconvenientes. Coletar as gotinhas salgadas não é uma tarefa agradável, doadores chorosos são raros, homens nunca se candidatam para doações e, para complicar ainda mais, as lágrimas têm de ser frescas, degradam com facilidade.
Apesar das dificuldades, a ciência tem algumas respostas para o choro. A Universidade de Tel Aviv, em Israel, mostrou cientificamente algo que imaginávamos - o ato de chorar traz benefícios emocionais e pode fortalecer relações interpessoais.
O choro é um comportamento exclusivamente humano. As lágrimas servem para baixar defesas, demonstrar submissão e pedir ajuda em momentos estratégicos, bem como para demonstrar afeto. É muito possível que, ao longo da evolução, nossos antepassados que se permitiam chorar tenham obtido vantagens como abrigo, proteção e, em última instância, melhores possibilidades de sobrevivência, ainda que na maioria das vezes o choro não é planejado, é inconsciente.