América Latina em crise com os governantes, não é só o Brasil
Há uma profunda crise de confiança da população da América Latina com seus governantes. Uma pesquisa global realizada pela consultora Edelman reflete que os quatro países mais povoados da região - Brasil, México, Colômbia e Argentina - sofrem uma deterioração significativa da percepção que seus cidadãos têm dos executivos. Os altos mandatários desses países têm uma valorização média de 37%. Depois da má performance deles, vem as redes sociais com média de confiança de tão somente 45%. Bem situadas apenas as empresas não governamentais e as ONGS, média de valorização de 64% e 60%, respectivamente.
Ruim no Brasil? Muito pior na Argentina.
A Argentina sangra. Apenas 20% confia no governo. Em outubro ocorrerão eleições presidenciais. O atual mandatário, Alberto Fernandez, acaba de dar um passo atrás anunciando que não concorrerá à reeleição. A crise econômica e a inflação determina as dinâmicas políticas. Apenas 43% da população crê que sua situação e de sua família melhorará dentro de cinco anos.
Governantes do Brasil e na Colômbia não conseguem se aproximar da população.
O horizonte do Brasil e da Colômbia não é tão diferente do argentino. Só um pouco melhor. Apenas 40% dos cidadãos desses dois países olham com confiança seus governantes. Luiz Inácio Lula da Silva tem um início caótico no governo. Essa bagunça generalizada vem refletindo no olhar da população, especialmente nos não petistas que votaram em Lula. O clima de desconfiança é generalizado. Enquanto isso, na Colômbia de Gustavo Petro, há apenas nove meses no poder, o clima é idêntico. Para enfrentar esse mau início, Petro acaba de lançar um grande pacote de reformas estruturantes.
A questão de segurança afunda o México.
Um país à beira de ser dominado pelos narcotraficantes, esse é um olhar muito próximo da realidade mexicana. Mas, se o governo de Lopez Obrador vai muito mal, a imagem do presidente é boa. Acaba de realizar uma profunda reforma nos meios de segurança do país, dando especiais poderes e condições para seu exército combater os criminosos. Experiência tentada pelo Brasil de Dilma, nos morros cariocas, que não teve sucesso. Um parênteses: existe alguma política que dê certo nos morros cariocas? O nível de confiança no governo mexicano é de 47%, melhor que nos demais latino-americanos. Mas Lopez Obrador, pessoalmente, está com os melhores índices de toda sua gestão. É um clima comum nestas paragens, confiam no mandatário e desconfiam de sua equipe.
