Antes da escrita e da agricultura, os humanos fizeram flautas
Há mais ou menos 43 mil anos, um jovem urso morreu nas colinas do que hoje é a Eslovênia. A 1.600 quilômetros de distância, um mamute morreu nas florestas próximas do rio Blau, na atual Alemanha. Alguns anos depois do falecimento do mamute, um abutre também morreu nessa região. Cinco mil anos depois, um cisne e outro mamute morreram ali perto.
Um notável destino para os ossos desses animais.
Nada sabemos como esses animais morreram. Podem ter sido caçados por neandertais, podem ter morrido de causas naturais ou pelos dentes de outros predadores. Mas essas criaturas diferentes tiveram em comum um notável destino pós-morte. Depois de seus corpos terem sido consumidos por carnívoros ou bactérias, um osso de cada esqueleto foi meticulosamente transformado em flautas por mãos humanas.
As primeiras origens da arte.
Flautas de ossos estão entre os mais antigos artefatos da criatividade tecnológica humana. As flautas eslovena e alemãs marcam as primeiras origens da arte. Mas não estavam sós. As cavernas onde algumas foram encontradas continham também desenhos de animais e figuras humanas nas paredes. Nossos ancestrais, possivelmente, se reuniam em cavernas iluminadas por fogueiras para ver imagens tremulando nas paredes, acompanhadas por música. Há uma cronologia eloquente. Primeiro, vieram as pontas de flechas e de lanças, junto com as vestimentas - necessárias para a sobrevivência - depois, a música. Um salto inacreditável na hierarquia das necessidades. A espiritualidade, religiosa e musical, esteve à frente da agricultura e da escrita.