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Em Pauta

Antônio João, o tiranossauro que não viu o cometa explodir

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 12/11/2023 08:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Conta a pré-história que muitos tiranossauros, os reis das florestas, não viram o cometa chegando no planeta. Apenas explodiram sem saber o que acontecia. Com eles, os microrraptores, literalmente "pequenos ladrões", dinossauros de diminuto tamanho, mas de ferocidade idêntica à dos gigantescos tiranossauros, viraram pó. Essa é a história de inúmeros jornais. Não viram - muitos ainda não veem - que as redes sociais, a internet,  eram cometas que os destruiriam.


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Blondi, a cadela de Hitler.

Respeitei a possibilidade de que alguém se vestisse de luto pelo passamento de Antônio João Hugo Rodrigues. Nada escrevi. Também não me submeteria à hipocrisia de louvar um homem que gostava de cachorros e orquídeas como seu único obituário positivo. Hitler amava Blondi, uma cadela pastor alemã. Antônio João não me interessa enquanto homem, é fundamental entendê-lo como modelo. Modelo de ganância desmedida, de chantagem ímpar.


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O homem da mala.

Antônio João herdou um pequeno império. Sabia que um dia teria de partilhá-lo com seus sobrinhos. Tudo fez para que esse dia estivesse o mais distante possível. Venceu. Utilizando de terrorismo, não só driblou seus parentes, chantageou inúmeras autoridades. Triste sociedade que conhece a desfaçatez de seus empresários e nada faz para mudar os rumos do abismo. Todos sabiam que Antônio João recebia polpudas propinas - em espécie - dos poderosos de plantão. Ganhava duas vezes. Além de não pagar impostos, transformava seu jornal em um esqueleto, para não repartir fortuna com os demais herdeiros. Ninguém tentou fiscalizar o chantagista, viveu como bem entendeu. Foi um modelo.


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O homem-modelar.

Sua herança era de um jornalismo militante. O jornal foi, nas mãos de seu pai, o maior instrumento da extrema direita do Mato Grosso do Sul. Antônio João, vivendo seu império, em tempos de democracia, transformou-o em um modelo de chantagem. Todos o odiavam. Todos o temiam. Foi sob esse manto de "combatividade" que surgiram inúmeros jornais "microrraptores". Pequenos, mas vorazes chantagistas. A famosa imprensa marrom. O cometa chegou. As redes sociais pulverizaram esse modelo. Mas elas também estão se tornando microrraptores. Mudou a forma, saíram os jornais papéis, entraram uma imensa legião de dentuços dinossaurinhos ferozes e famélicos. O conteúdo permanece.

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