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Em Pauta

As "Actas" e os "diurnarii", o primeiro jornal da história

Mário Sérgio Lorenzetto | 05/07/2023 09:20
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Não era de papel. Nem estava nas bancas... porque não havia banca. Era de madeira pintada. Nos anos em que Roma se converteu na capital de Império, a vida na cidade se desenvolvia em um ritmo frenético. A cada momento ocorriam fatos que poderiam mudar o rumo da cidade e do Império: um pacto entre líderes de facções (os primeiros partidos políticos) inimigas, um discurso inesperado no Senado, uma revolta que explodia em algum lugar daquele vasto Império, uma guerra.... os habitantes da cidade estavam sempre procurando notícias. O meio mais eficaz de informação eram as cartas, que viajavam com grande rapidez pelas estradas calçadas romanas.


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As "Actas diárias do povo romano".

Cinquenta anos antes de Cristo, surgiu algo muito parecido com um jornal atual. Se tratava da chamadas "Actas diurna populi romani" - Actas diárias do povo romano. Eram publicadas sob a responsabilidade de um magistrado e de sua redação se encarregavam os "diurnarii", os primeiros jornalistas da história. Essas tábuas informativas eram colocadas em diferentes locais de fácil acesso público e ficavam resguardadas por militares.


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Lidas em voz alta.

Dado o elevado número de analfabetos, Roma determinou que alguns escravos que sabiam ler, ficassem a postos nos locais onde as Actas eram expostas. Cabia a eles ler em voz alta para o público que se aproximava para ouvir as novidades. Esses escravos tinham de ficar três anos lendo as Actas para o povo. Eram chamados de "pregoeiros" (praecos), ofício existente até os dias atuais, todavia, com a função de leiloar bens.


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Uma indústria da cópia.

As Actas publicadas em Roma se difundiam pelo Império através de abundantes cópia. Deixavam de ser copiadas em tábuas de madeira e passavam a ser escritas em papiro. Os copistas também eram escravos cultos, mas podiam ser homens livres. A atividade era organizada por editores chamados "librarii", que vendiam as Actas em capítulos ou em paginas. Essas cópias alcançavam notável difusão. Também havia um ofício denominado "nuntius" (de onde vem os núncios apostólicos do Vaticano), eram encarregados de resumir as notícias emanadas de Roma.


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Informação e propaganda.

Tal como hoje, as Actas destacavam sobretudo as informações políticas. Falavam muito sobre o imperador, os senadores, e a família dos mandatários. Também havia muitas notícias sobre o que atualmente chamamos de economia, especialmente da compra e venda de escravos. Também havia notícias sobre construções de prédios públicos e  religiosos. Fenômenos atmosféricos tinham relevância. Mas não tinha a secção internacional atual. Eram notícias emanadas exclusivamente de Roma. Mas, como sempre, as notícias que apareciam nas Actas eram as que queriam os poderosos. Só furavam quando havia fofoca da família dos mandatários.

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