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Em Pauta

As mil faces de Tiradentes: pratico, médico, farmacêutico...

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/04/2023 08:54
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Tiradentes foi "dentista" clandestino, atuava em uma ilegalidade consentida. Para atuar dentro da lei havia a necessidade de ter uma permissão especial das autoridades portuguesas. Essa licença era cara, custava 29 gramas de ouro, e rara. O mercado da dor de dente acabava sendo explorado por pessoas como ele, sem nenhum conhecimento científico, por curandeiros, charlatões e benzedeiras. A multa por prática ilegal não atemorizava - quatro ovelhas. Na prática, eram ex-escravos que tiravam os dentes da população. Tiradentes era uma exceção.


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Tratando da dor de dente.

Para tratar dor de dente, o "Erário Mineral", único livro em Minas Gerais, que tratava desse trabalho, ensinava coisas como pegar um osso da coxa de um sapo e esfregar no dente, assar um alho e botar dentro do ouvido do mesmo lado onde a dor lateja, trocar o dente do paciente com um dente arrancado de uma topeira viva ou de um defunto cuja morte tivesse ocorrido por velhice e sem ocorrência de febre ou friagem.


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Como não funcionava, tiravam todos os dentes.

Como os tratamentos de dente não funcionavam, a saída era arrancá-los. É por isso que os homens que exerciam o ofício eram chamados de "tira-dentes". Daí o apelido de Joaquim. Os pacientes chegavam com dor e, durante a extração, sofriam mais ainda. Não existia anestesia. A extração era feita na marra. Joaquim possuía uma "bolsinha com uns ferrinhos de tirar dentes". Imaginam que seja algo semelhante ao boticão. Colocava na boca do paciente, laçava o dente doente com o gancho e depois, com um golpe rápido, torcia o instrumento, finalizando a extração. Era um filme de horror. Mas era a regra. Washington, o presidente dos EUA, chegou ao poder com um único dente na boca.


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Médico e farmacêutico... e cantor.

Joaquim não se limitava à extração de dentes. Fabricava e implantava dentes postiços, muito provavelmente feitos de ossos de animais. Possuía, inclusive, uma oficina de próteses. Ainda no campo da saúde, Joaquim José da Silva Xavier atuava também nas áreas da farmácia e medicina. Tiradentes conhecia bem as ervas medicinais. Atendia doentes, prescrevia receitas e dizia ter "alguma inteligência de curativo". Sua reputação era boa, apesar de não evocar o nome de Deus ou forças sobrenaturais, como era comum, no meio clínico de sua época. Mas há uma face de Tiradentes quase desconhecida. Joaquim tocava violão e cantava modinhas. Em suas constantes viagens, quando chegava a uma hospedaria, era o centro das atenções por seus dotes artísticos.

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