Bundas - uma história de fundo. O traseiro nos tornou humanos
Chamamos um covarde de "bunda-mole". Nosso par de nádegas passou a ser tratado como um palavrão. Pura injustiça com o glúteo por sua importância em transformar macaquinhos em humanos. É isso, ainda que menosprezada, a bunda foi essencial para a evolução humana. E agora você saberá que a bunda não merece ser desprezada.
Quando era necessário correr.
Correr passou a ser um diletantismo, até um esporte. Mas nos albores da humanidade era "correr ou morrer". Começamos a correr com um ancestral chamado "Australopiteco" que viveu há mais de 3 milhões de anos. Era um baixinho de não mais de um metro e meio. Em vez de um dedão opositor nos pés, apropriado para subir em árvores, o Australopiteco tinha os cinco dedos alinhados e uniformes. Esse é o principal sinal de que essa criatura já não precisava usar os braços para se locomover. Conseguia caminhar com elegância. Mas só caminhar não lhe dava melhores condições de sobrevivência. Era preciso correr.
Homo erectus, o bundão.
Há dois milhões de anos, quem domina as estepes é o Homo erectus. Ele tem o "ligamento nucal", um cordão de músculos que vai da parte posterior do crânio até a espinha. Essa pequena engrenagem na nuca deixa a cabeça estável, não fica balançando, como em outros animais, enquanto o corpo se movimenta em velocidade. Ele também tem dedos mais curtos nos pés, que podiam dobrar e flexionar quando o corpo se lançava em uma corrida. Tinha ainda pés arqueados e tendões de Aquiles longos., que agem como molas e amortecedores. Os joelhos também tinham mudado, eram capazes de suportar pisadas duras, típicas de quem corre. Mas o mais importante estava na mudança da bunda. Era um bundão. Pela primeira vez, um ancestral tinha deixado de ser um bundinha.
Bunda para correr.
Quando olhamos uma bunda, não imaginamos que o traseiro é quem equilibra o resto do corpo. A bunda é uma adaptação essencial para a capacidade humana de correr com estabilidade. Os músculos da bunda se contraem quando corremos. São eles que formam um aparato de estabilização do corpo. São eles que endireitam o tronco enquanto os membros se movem rapidamente. Além de nos manter eretos durante o trote, o glúteo controla o balanço da perna no ar e a flexão do quadril no impacto do pé quando encosta no chão. Em outras palavras: a bunda nos tornou humanos.