Clitoris, o órgão invisível, historicamente ocultado
1.998. É conveniente repetir por ser inacreditável: 1.998. Foi nesse ano que a doutora australiana Helen O Connell publicou em uma revista científica norte-americana tudo que precisamos saber sobre o clitoris. Comparem com o pênis. No ano 35 antes de Cristo, Hipócrates levou ao conhecimento da humanidade tudo que era necessário saber sobre o pênis.
Sem ligação com o coito e com a reprodução.
Há meros 25 anos as mulheres "descobriram" que tem um órgão, chamado clítoris, que não necessita do coito, e muito menos com a reprodução. Serve exclusivamente ao prazer. Toda a história anterior contava que a mulher só podia estar pronta para a penetração peniana. O clitoris é o grande símbolo da independência e autonomia. Fica para trás uma história de desolação e terror.
Extirpação de clitoris.
Ainda hoje extirpam o clitoris em países africanos e em algumas regiões do Oriente Médio. Não faz muito tempo em que também extirpavam clitoris na Europa. Essa história nada fica a dever à um filme de terror de arrepiar os cabelos. Mas nem necessitamos conhecer a história. O presente ainda é desolador. Não faz tempo, em uma aula de medicina na UFMS, a professora contou aos alunos que a parte interna do clitoris tem aproximadamente 10 cm. As alunas, vejam bem as moças, ficaram boquiabertas. Em geral, a sexualidade nunca foi estudada com métodos científicos, apenas ideológicos.
A construção do sexo.
Há séculos o prazer feminino, e seu órgão por excelência, é uma história de fantasmas. Ou de desaparecidos. Muitas vezes o prazer clitoriano era tido como uma "neurose sexual feminina". Quem trombeteava esse absurdo não eram ignorantes, até mulheres médicas concordavam com essa mentira. O absurdo maior era que propunham sua extirpação para "resolver problemas mentais".
Freud, o grande falsário.
Nesse mesmo caminho, recordemos, Sigmund Freud, um dos maiores "factótuns" da sociedade ocidental, afirmou que as mulheres tinham uma espécie de "pênis deteriorado", e que se não logravam o orgasmo através da penetração, eram infantis, disfuncionais e frigidas. Esse "pai da psicanálise" não extirpou o clitoris fisicamente de nenhuma paciente, mas suas perniciosas ideias tiveram o efeito de cercear uma sexualidade feminina sadia. Sem ir mais longe, a psicoanalista Marie Bonaparte, aluna de Freud, crendo que sofria de frigidez, se submeteu a três operações para tentar acercar o clitoris da vagina, e assim obter orgasmos vaginais. Nada conseguiu.