Como o futebol se tornou a nova religião. "Jesus era esportista"
"Jesus Cristo era um esportista". Assim afirmava um pregador em um serviço esportivo que era realizado durante a primeira metade do século XX em igrejas protestantes na Inglaterra. Os convites eram enviados aos clubes, e os esportistas compareciam em massa a esses cultos. As igrejas eram decoradas com apetrechos de clubes e com taças conquistadas. Celebridades esportivas liam trechos da Bíblia, e o pastor ou padre pregava sobre o valor do esporte e a necessidade de praticá-lo com o espirito certo.
Quando a religião deu uma mãozinha ao futebol.
Duzentos anos atrás, o cristianismo era uma força dominante nas sociedades. No início do século XIX, quando o mundo esportivo moderno estava apenas começando a emergir, a relação entre as igrejas e o esporte eram antagônicas. Os protestantes, especialmente, condenavam a violência e a brutalidade que ocorria no futebol, bem como sua associação com jogos de azar. Foi nessa época que alguns pastores e padres - influenciados por teologias mais liberais - começaram a promover esportes "bons", notadamente o futebol e o críquete, ao mesmo tempo que pregavam contra os "ruins", carga maior direcionada ao boxe. Também foi nessa época que surgiu o "Cristianismo Muscular", a pregação de que tínhamos de praticar para ter bom "corpo, mente e espírito".
Pastores e padres invadem os campos de futebol.
Não consigo recordar de alguma mudança nas sociedades devidas a gente idosa. Sempre são os jovens a promoverem transformações. Com o futebol ocorreu o mesmo fenômeno. Padres e pastores jovens começaram a invadir os campos de futebol. Clubes religiosos foram formados. O maior de todos até hoje é o Aston Villa, formado por um grupo de jovens de uma classe bíblica metodista. Ao contrário do que contam alguns brasileiros, não foram os trabalhadores de ferrovias que levaram o futebol para o mundo, foram missionários cristãos.