Da botica ao boteco, como surgiu a caipirinha
Há muitas bebidas alcoólicas que surgiram de medicamentos usados por reis e faraós, a caipirinha é uma delas. Fez o percurso das boticas (farmácias) aos botecos por volta de 1.856. Há um documento que demonstra cabalmente que nesse ano, explodiu um surto de cólera em Paraty, no Rio de Janeiro. Com receio da água, transmissora do cólera, os moradores passaram a misturar na água, cachaça, limão e açúcar.
A fama de Piracicaba.
Passado o surto de cólera, Paraty esqueceu do "remédio". Não se sabe se há alguma ligação de Paraty com a cidade interiorana paulista Piracicaba, mas um fazendeiro dessa cidade, em 1.918, desenvolveu um xarope supostamente terapêutico constituído por cachaça, mel, limão e alho. Era época da gripe mal denominada de Espanhola (em verdade era norte-americana). O "xarope" conquistou fama em boa parte do país.
E virou "caipirinha".
Quem é de Piracicaba só pode ser "caipira", assim eram denominados seus moradores pelos da capital paulista. Na época da Gripe Espanhola - a covid de um século atrás - era comum o consumo de "garrafadas", remédios populares feitos à partir de ervas e não raramente, com álcool na receita. Assim como tônicos e fortificantes. A gripe passou, mas o "remédio" permaneceu. O mel foi trocado por açúcar e o alho por cubos de gelo.
Bebida predileta dos artistas.
Quem outorgaria fama nacional para a caipirinha seriam os artistas da Semana Moderna, em 1.922. Tarsila do Amaral, nascida em Capivari, cidade vizinha de Piracicaba, elegeu a caipirinha a bebida oficial do evento. Mas uma pequena discrepância entre os estudiosos da caipirinha. Luís da Câmara Cascudo, nosso mais renomado estudioso da cultura, diz que a caipirinha de Piracicaba surgiu como bebida alcoólica e não como medicamento.