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Em Pauta

Das baratas aos empresários: pequenas e eternas, em vez de grandes e frágeis

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/11/2014 07:14
Das baratas aos empresários: pequenas e eternas, em vez de grandes e frágeis

Lições da corrida da barata

Todo empresário deseja ser uma águia nos negócios, mas a maioria falha. O importante a ser lembrado é que todos podem ser baratas. Barata? Aquele animal nojento e assustador? Sim, a barata vive em um ambiente difícil e complexo, tal qual um empresário, e elas apresentam uma das melhores taxas de sucesso de longo prazo entre todas as criaturas. E o fundamental, ela possui apenas um mecanismo de defesa - correr no sentido contrário do deslocamento do ar.

Há nas atitudes desse pequeno animal pelo menos duas lições: a primeira é a de sempre correr contra o vento, o que equivale ao empresário estar atento quando ocorre o "estouro da boiada", para usar outra metáfora animal, que explicita a corrida empresarial para negócios de aparente sucesso que, logo a seguir, se converterão em uma bolha econômica ou financeira. Correr contra o vento demanda gasto de energia e atenção, mas a barata e sua longevidade na terra demonstram a sabedoria dessa atitude.

A outra lição está no seu tamanho. A pequena barata permaneceu na terra enquanto a maioria dos animais de grande porte desapareceram. O gigantismo de uma empresa como via de regra a devora. Muitas vezes é melhor permanecer pequeno e eterno do que grande e frágil.

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A miséria no Centro Oeste e no Mato Grosso do Sul

O número de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema aumentou no ano passado, no Centro Oeste, de acordo com os dados disponibilizados pelo Ipeadata, o banco de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Aliás, aumento em todas as regiões do país, à exceção do Nordeste. Pessoas em situação de pobreza extrema (ou indigência, ou miséria), nesse critério do Ipea, são aquelas que não têm condições de consumir uma cesta básica mínima de alimentos considerados necessários para suprir um indivíduo com as calorias básicas necessárias recomendadas pela ONU.

A quantidade de indivíduos extremamente pobres no Centro Oeste, que vinha caindo, subiu para 366.740 no ano passado, ante 284.153, em 2012, alta de 29%. No Mato Grosso do Sul, em 2011, existiam 16.556 pessoas vivendo miseravelmente. Já em 2012, houve uma nova redução (enquanto na maioria dos Estados ocorreu um aumento) chegando a 15.937 pessoas. Esse foi o melhor ano em toda a nossa história (anos estudados pelo Ipea), que sempre manteve números superiores a 30 mil pessoas. Todavia, em 2013, ocorreu uma piora no quadro do Mato Grosso do Sul, quando 22.559 pessoas foram para a faixa da miserabilidade.

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Muros que separam a humanidade

Desde a Antiguidade existem muros separando populações. O mais famoso é o denominado "Muralha da China", que a mitologia resolveu inventar que seria tão extenso, tem 21.196 quilômetros, que pode ser avistado da lua. Esse muro foi construído para separar os chineses da etnia "han", que hoje perfazem mais de 91% da população da China, dos "bárbaros" (essa palavra tinha por significado quem não sabia falar o mandarim) mongóis.

E os povos nunca deixaram de construir seus muros preconceituosos. A não aceitação do outro povo sempre esteve na pauta da humanidade. Atualmente, o muro mais famoso é o que separa Israel da Palestina, mas existem muros separando espanhóis de africanos (no estreito de Gibraltar), entre o Marrocos e a não reconhecida República Democrática Árabe Saariana, entre gregos e turcos no Chipre e os 3.140 quilômetros de muro separando os Estados Unidos do México.
Mas o mundo contemporâneo teve outro muro famoso - com seus 162 quilômetros, o Muro de Berlim marcou uma época e se tornou o símbolo da liberdade, o fim da Guerra Fria.

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Enquanto “ossis” derrubam muro, brasileiros não reconhecem o seu

"Ossi" é um termo pejorativo para identificar os alemães que viviam no leste. O muro encapsulou Berlim Ocidental (do Oeste) e a transformou em um enclave capitalista dentro da República Democrática Alemã (RDA) - uma espécie de ilha, cercada de muros por todos os lados. Ali, viviam 2 milhões de pessoas que esbarravam continuamente em cartazes ameaçadores avisando que estavam saindo do setor norte-americano da cidade, lembrança de que Berlim havia sido fatiada em quatro pelas potências aliadas depois da Segunda Guerra. Havia também os bairros administrados pela Inglaterra e pela França. A Zona Soviética (do Leste) foi a que ficou envolvendo, com seus 1,2 milhão de pessoas, a Alemanha capitalista.

Precisou de tempo e muito dinheiro para que as diferenças entre os alemães se atenuassem. A socialização era diferente, a economia era diferente, os povos haviam crescido em ambientes distintos. Os alemães do Leste eram mais desconfiados, vinham de um mundo onde existia a Stasi, a polícia que ditava as regras do bom comportamento comunista. O muro caiu, mas o processo não foi fácil.

Um membro da mais alta instância do Partido Comunista Alemão, Günter Schabowski, concedia entrevistas aos jornalistas. A intenção era anunciar medidas mais liberais sobre a permissão de saída do país. Um jornalista perguntou quando entrariam em vigor. "Ah, imediatamente", respondeu o burocrata. A entrevista era transmitida pela TV. Caia o muro. Milhares de alemães correram aos postos de fronteira sob o olhar de guardas atônitos. Depois vieram com picaretas, escalaram o muro na Porta de Bradenburgo (centro de Berlim) e o mundo não seria mais o mesmo depois daquelas marteladas. Já se vão 25 anos desse dia. Os "ossi" passaram a ser alemães.

O Brasil aplaude e se delicia com a queda do muro dos outros, mas tem enormes dificuldades de aceitar a existência do seu muro de preconceitos entre o Sul/ Sudeste/Centro Oeste e o Norte/Nordeste do País. Só conseguiremos derrubar esse muro com o investimento de muitos recursos e com o reconhecimento do preconceito.

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Barões ladrões e o cuidado com os bancos

"Barões ladrões" é o rótulo pouco lisonjeiro usado pelos norte-americanos para identificar uma geração de titãs dos negócios. Ao longo dos anos, eles descobriram que a economia de seu país, que conta com uma das maiores produtividades, um elevado grau de inovação e alguns dos melhores executivos já formados na história, cresceu embalada pela fraude. Nas últimas décadas, a multiplicação de escândalos financeiros envolvendo corporações gigantes mostrou que há muito de podre na prosperidade que por muito tempo encheu os cofres dessas companhias. Nomes como Enron, Tyco, Xerox, Arthur Andersen, Qwest e a quase totalidade dos bancos norte-americanos viram-se envolvidos em acusações de falcatruas e manipulações de balanços contábeis.

Uma parcela dos banqueiros brasileiros pertence ao mesmo castelo dos barões dos Estados Unidos. O mensalão colocou na cadeia apenas alguns expoentes dos bancos, aqueles que corriam maiores riscos, tanto de bancos privados como de alguns vinculados aos estatais. Agora, com o fim do pleito eleitoral, é de bom alvitre manter a força do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, indutores do desenvolvimento através do crédito facilitado a pequenos e médios produtores e empresários, sob pena de se transformar alguns barões e baronesas em reis e rainhas.

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O drama dos melões: belos, mas com sabor de plástico

Os morangos são gordos e reluzentes, os tomates têm pele lisa e lustrosa e os melões são firmes e coloridos. Mas, muitas vezes não tem sabor. Bonitos por fora e sem graça por dentro. Não temos a quem culpar por essas belezas sem graça além de nós mesmos. Quando selecionamos culturas pela sua bela aparência, resistência durante o transporte e armazenamento em condições de escuridão e refrigeradas, destruímos sabor, aroma e nutrientes de nossos alimentos.

Reflita sobre o dilema do melão. Para desfrutar bem o sabor do melão é necessário colher e consumi-lo no pico da maturação, antes que fique mole demais. Nos últimos estágios de desenvolvimento do melão, uma explosão de hormônios o amadurece e amolece rapidamente. Esses hormônios se tornaram um problema para o transporte de melões de um Estado para outro, pois mesmo gelados essas frutas viravam um purê no final da viagem.

Então, os produtores trataram de diminuir os hormônios dos melões. Utilizaram um procedimento de polinização que funcionou bem. As frutas ficaram firmes na viagem. Mas o "tiro saiu pela culatra": os hormônios retirados também eram determinantes para produzir o aroma e o sabor. Os melões ficaram com "gosto de plástico". Bom mesmo era o melão antigo.

Mas os cientistas estão correndo atrás. Em vez de melhorar esses alimentos com engenharia genética, que introduziria transgênicos controversos nas prateleiras dos supermercados, os cientistas estão desenvolvendo uma técnica denominada "seleção assistida por marcadores", que prometem, além de melões saborosos, brócolis com mais nutrientes, morangos muito suculentos e tomates que agradam tanto os olhos como o paladar.

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