Das primeiras linhas de ônibus aos negócios nebulosos
A sede da empresa ficava na rua Calógeras em um grande terreno. Pertencia a Aníbal Mourão, fundador da primeira linha de ônibus de Campo Grande. O veículo era a célebre "Jardineira", um grande carro aberto dos lados, com bancos enfileirados. Aníbal morava atrás da sede da empresa.
Dois bairros, dois itinerários.
A jardineira cumpria dois itinerários, porque dois eram nossos antigos bairros: o Amambaí e o Cascudo, como se chamava o atual Bairro São Francisco, que mudou de nome a pedido de um bispo.
"Cobrava escanteio e cabeceava a gol".
Mourão era um homem forte. Ele mesmo dirigia, dava manutenção ao ônibus, cobrava as passagens e consertava o carro. Vivia sujo de óleo. Foi um desbravador valente, trafegando sobre buracos e a lama deslizante das nossas ruas.
Lama? Do passado ao futuro.
A lama das ruas, com o passar dos anos, foi se incrustando nas empresas de ônibus que sucederam o pequeno negócio de Mourão. Ônibus sempre velhos, cheios de lama. Ônibus com ar-condicionado? São muitos nas promessas de políticos e empresários. As agruras e sacrifício de Mourão viraram o paraíso de poucos empresários. Negócios obscuros. Tão estranhos que um ex-vereador é o lobista dos empresários.