Eleições 2016: a pancadaria à espera em Campo Grande
A eleição em Campo Grande será a mais aberta em mais de 20 anos. Em geral, uma disputa que envolva o governante concorrendo à reeleição é um plebiscito sobre sua administração. Esse plebiscito nasce morto na Capital do Estado. A administração Bernal-Olarte é a pior ocorrida em muitas décadas.
Tantas décadas que a memória entra em uma espiral de esquecimento. A crise é tão grave que se assemelha a quase ausência de governabilidade decorrente do assassinato, com um tiro no rosto, do então prefeito de Campo Grande, Ari Coelho, em 1952. Bernal é o exemplo acabado do governante impopular e incompetente.
Mais do que nunca o processo eleitoral tende a um esgarçamento total de imagens. Não à mera desconstrução de imagem comum nos períodos eleitorais, mas a uma tentativa de destruição total de cada contendor. Os ódios estão aflorados por toda parte. Os candidatos não têm sustentação.
Não há como fugir da pancadaria que assistiremos em 2016. Se não bastasse a realidade conflituosa, própria de Campo Grande, o novo formato das eleições é impositivo. A campanha será mais curta e com menos dinheiro. Assim, os debates ganharão mais peso e consistência.
Se as mídias - televisiva e jornais eletrônicos - forem preparadas, dominarão a campanha. Muitos candidatos estarão correndo o pleito com reais condições de saírem vitoriosos. Muitos campos estarão apenas praticando o livre pugilismo, mas outros se prepararão para um segundo turno. Ele já está sacramentado pela fraqueza dos candidatos. Nenhum se destaca. Ninguém está correndo sozinho para receber os louros da vitória no primeiro turno.
Quanto mais competitiva, a eleição tende a ser mais agressiva. Desta vez não existirão marqueteiros-aposentados, com assessorias incompetentes, mandando não bater. Esse foi um falso paradigma criado por Duda Mendonça, que só dá certo com candidaturas fortes e bem consolidadas. Quem bate, bem colocado, ganha as eleições. Preparem-se, os ringues do pugilato estão em plena atividade.
Não perdoaram nem mesmo o Natal, quando os assessores do Bernal foram ao prédio onde reside André Puccinelli para xingar o ex-governador. Aproveitaram o momento para lançar palavrões direcionados a Nelsinho Trad e a Rose Modesto. Qualquer bola de cristal sabe que a pancadaria correrá solta em 2016. Só nos resta perguntar: algum candidato registrará em cartório seu plano de governo, com pena autoaplicável de renúncia pelo não cumprimento?
Eleições 2016 e organizações criminosas.
Os eleitores de todos os municípios irão às urnas em outubro para eleger prefeitos e vereadores. Será a primeira campanha sem dinheiro empresarial abastecendo os cofres dos candidatos. Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) demonstram preocupação com as "alternativas" que os políticos criarão para o financiamento e cobraram forte atuação do Ministério Público Eleitoral para coibir irregularidades. O presidente do TSE, Dias Tofffoli, afirmou que em todo o mundo há temor de que dinheiro de organizações criminosas [inclusive de colarinho branco] abasteça candidaturas.
União dá reajustes para funcionários, mas continua a queda de braço com policiais federais, rodoviários e fiscais da receita.
Os aumentos para os funcionários federais ficarão abaixo da inflação de 2015 e da prevista para 2016. Mesmo assim, representarão um impacto de quase R$4 bilhões em 2016. Todavia, os diferenciados reajustes onerarão ainda mais os cofres públicos de 2017 a 2019 - R$15 bilhões por ano serão acrescidos à atual folha de pagamento. A maior parte dos servidores terá reajuste de 5,5% em agosto de 2016 e mais 5% em janeiro de 2017. Os funcionários das carreiras de estado, considerados a elite do funcionalismo - do Banco Central, da CGU e do Tesouro Nacional - fecharam acordo com reajuste de 27,9% divididos em quatro anos. Os militares também tiveram a garantia de uma correção de 25,5% entre 2016 e 2019. O governo continua com a queda de braço com servidores da Receita Federal e com os policiais federais e rodoviários que não aceitaram os termos do reajuste proposto.
O exagero de tributos sobre a folha de salários está na essência do desemprego.
Sim, é possível, no futuro, voltarmos a ter uma taxa de desempregados pequena. Mas com a atual organização dos impostos que recaem sobre a folha salarial, jamais teremos desemprego zero. Poucos sabem e muitos não prestam atenção, mas além da contribuição para a previdência salarial do empregador e do empregado - comum na maioria dos demais países - a folha de salários no Brasil é onerada por uma série de outros tributos, como as contribuições para o Sistema S, o Salário Educação e o Seguro de Acidentes do Trabalho, entre outros. Adicionalmente, a folha de salários também é onerada pelo FGTS, que é um instrumento de poupança compulsória dos trabalhadores. É surpreendente para muitos, mas a menor incidência de tributos sobre a folha salarial é de 42,3% e a maior é de 50,8%. Esse exagero de penduricalhos que onera em demasia, dificulta a formalização do trabalho no país, além de ser um dos principais motivos que justificaram a criação do Simples.
É um típico sistema brasileiro: mal organizado e desmiolado. Basta perguntar, qual a relação das contribuições previdenciária com o Sistema S ou com o Salário Educação? Quem inventou essa bagunça deveria estar no manicômio.
Há outro erro capital nos impostos da folha salarial: não existe incentivo algum para que o trabalhador com salário mínimo trabalhe e contribua com o sistema tributário. Se ele trabalhar e contribuir, receberá o mesmo valor na aposentadoria que alguém que não trabalhou e não contribuiu. O sistema diz: "não trabalhe, não contribua". Só no Brasil para inventarem algo tão esdrúxulo e injusto. Isso tudo desestimula a formalização do trabalho.
Bandeira verde na energia elétrica, prevê o Banco Central.
O El Niño atrapalha muita gente. Mas favorece a tarifa energética. O Banco Central diz que há boas chances de ser acionada a bandeira verde nas contas de luz. Demanda menor por energia e melhora do regime de chuvas no verão, ocasionadas pelo El Niño, ajudariam a recuperação dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas (a de Itaipu está transbordando água). Assim, as termoelétricas seriam desligadas em 2016 e, consequentemente, ocorreria a redução dos preços de energia. Mesmo entre os mais pessimistas do setor, há a percepção de que as contas de luz trarão alívio importante, depois de terem subido mais de 50% em 2015.