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Em Pauta

Há 70 anos nascia, com muitos litígios, a dupla hélice do DNA

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/05/2023 06:15
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Foi uma das notícias mais importantes do século passado, mas nenhum jornal, radio ou televisão noticiou o descobrimento da estrutura do DNA. Hoje faz 70 anos. De nada adiantou que os protagonistas dessa história soubessem vender muito bem sua descoberta. "Descobrimos o segredo da vida", declarou o inglês Francis Crick ao lado do norte-americano James Watson. A frase é bombástica, digna do melhor marqueteiro, mas não teve repercussão.


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"Molécula estúpida".

Dois meses depois, Watson e Crick fizeram o anúncio formal na prestigiosa revista científica "Nature". A revista não deu importância. Era uma descoberta assombrosa que havia quebrado a cabeça de inúmeros cientistas, mas a repercussão foi inexistente. O fato era que o DNA não era desconhecido da ciência, mas gozava de má fama. Entendiam que o DNA era uma molécula simples e monótona. Alguns de seus estudiosos a chamavam de "molécula estúpida". Não era possível acreditar que o segredo da vida fosse uma longa cadeia constituída de tão somente quatro unidades básicas - A, C, G e T que se repetiam indefinidamente.


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Desconhecidos por anos e muitos litígios.

A bomba científica só foi como estada dois anos depois, quando Watson e Crick publicaram um extenso artigo novamente na revista "Nature". Mas o ambiente entre cientistas era ruim. Em parte devido à luta de egos entre os cientistas envolvidos na descoberta. Pela primeira vez, publicavam que havia duas equipes - uma em Cambridge e outra em Londres. A equipe de Londres - formada por Maurice Wilkins e Rosalind Franklin - foram os que fizeram todo o trabalho experimental. Ainda hoje, são pouco conhecidos. Mas também não se davam bem, Rosalind Franklin chegou a pedir para mudar para outro laboratório. A equipe de Cambridge - Watson e Crick - foi a responsável pelos trabalhos teóricos e só eles apareciam.


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A Mona Lisa da biologia.

A primeira ideia de Watson e Crick era que o DNA era uma tripla hélice e não dupla. Foi um fracasso. O chefe do laboratório - sir Lawrence Bragg - mandou encerrar as pesquisas. Só mudou de opinião um ano depois. Quando soube que seu arquirrival, o norte-americano Linus Pauling - estava a ponto de anunciar a solução do problema. Foi diante desse ataque de ciúmes que Watson e Crick tiveram material e dinheiro para vencer a corrida científica para Cambridge. Nessa reta final, a equipe de Londres pouco ajudou. Era quase impossível manter Maurice Wilkins trabalhando com Rosalind Franklin. Para piorar o ambiente, a dupla de Cambridge não pediu muitos dados aos de Londres e nem anunciou a participação deles nos trabalhos. A molécula de DNA é tida como a Mona Lisa da biologia, mas os egos de seus descobridores é tão grande quanto a importância dessa descoberta.

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