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Em Pauta

Índios de carga. Andando nas matas com paulistas no MS

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 16/09/2023 08:45
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

O primeiro aprendizado dos paulistas que chegaram no Mato Grosso do Sul foi o de abandonar os sapatos. Em seguida, aprendiam a andar em fila, um atrás do outro. Era vital que entendessem que seria impossível a volta caso não marcassem o trajeto quebrando galhos ou golpeando troncos de árvores, deixando marcas. A comunicação também era essencial. Nos primeiros dias nas matas aprendiam a se comunicar com outras tropas valendo-se do fogo e da fumaça para dar avisos à distância. Assim foi nos primeiros tempos. Não importa para onde foram no Mato Grosso do Sul, nenhum progresso trouxeram até a generalização do uso de cavalos e de burros para percursos extensos, levando cargas maiores.


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Os índios de carga.

Os primeiros caminhos não passavam de trilhas indígenas ou carreiros de antas. Eram destinados apenas a pedestres. O comum era fazerem os percursos a pé ou, tratando-se de gente "grada", e também de mulheres, velhos ou sujeitos doentes, em redes carregadas por índios de transporte. Conforme vários informes, tratava-se muito mais de buscar por "distinção e autoridade" do que simples apelo ao comodismo.


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As redes eram de todos.

A verdade, porém, é que as redes de carga serviam aos poderosos e aos "mimosos", mas também eram usadas pelos indígenas.... na hora do enterro. A diferença entre essas redes estava na apresentação externa. As mais sóbrias iam para gente pobre ou para enterrar índios. Os mais abastados tinham redes lavradas de desenhos e com vistosas franjas. Também havia redes "ostentação", tal como um automóvel de luxo, levavam enfeites de prata.


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Quem são esses paulistas?

Os paulistas andam nas matas do Mato Grosso do Sul quase sempre em grupos de 60 a 80 homens, armados de flechas e espingardas. Ninguém descobriu como fizeram para obtê-las, mas o certo é que as possuem. Como tem fama de roubar viajantes e de acolher em seus domínios muitos escravos fugidos, é possível que consigam suas espingardas por esse meio. Comenta-se que entre eles há muitos piratas fugitivos do Caribe. Quando algum forasteiro deseja ingressar em alguma cidade ou povoado paulista, ele é sujeito, antes de ser admitido, a uma espécie de quarentena. Nada a ver com saúde, mas sim porque querem avaliar as suas aptidões e verificar se ele não é um traidor ou espião carioca. Depois de prolongada vigilância, o forasteiro é enviado a lugares como o MS, tendo de fazer longas e penosas jornadas em busca de escravos índios.

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