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Em Pauta

Mais conversa, menos exames. Vem aí a Medicina sem pressa

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/01/2017 07:10
Mais conversa, menos exames. Vem aí a Medicina sem pressa

Uma medicina mais lenta e atenta às necessidades individuais de cada paciente. Que priorize o diagnóstico clinico - e não os exames - e a prevenção em vez da medicação. Esses são alguns dos pressupostos defendidos pelo movimento "Slow Medicine" (Medicina sem pressa) que acaba de chegar no Brasil.

O termo foi utilizado, pela primeira vez, pelo cardiologista italiano Alberto Dolara, em um artigo publicado em 2002. Já existem alguns médicos no Brasil e, pelo menos, uma médica em Campo Grande que pratica esse tipo de medicina - que olha o paciente e não apenas sua ficha.

Consultas mais demoradas é um dos pilares da nova medicina. Até parece coisa de homeopatas e de cubanos, mas vem tornando-se uma movimento respeitável no mundo ocidental. A ideia é que os pacientes sejam vistos como pessoas completas, não como um conjunto de enfermidades. Os outros pilares são a ênfase na saúde e não na doença e a prevenção como terapia. Mas o que mais chama a atenção é que poderia baratear os cuidados com a saúde ao propor um menor uso de medicamentos e de exames.

Mais conversa, menos exames. Vem aí a Medicina sem pressa

Contra o rosa e o azul

O movimento Medicina sem pressa é contra as campanhas como o Outubro Rosa (prevenção do câncer de mama) e o Novembro Azul (prevenção de câncer de próstata). É aí que a polemica se torna ainda maior.

Os médicos que são adeptos do movimento dizem que essas campanhas servem para gerar um alto numero de procedimentos sem necessidade. Citam um estudo publicado em 2012 pelo semanário cientifico norte americano "New England Journal of Medicine", que acompanhou 180 mil homens entre 50 e 74 anos. Os resultados indicaram que, ainda que tenham sido diagnosticados mais tumores, a mortalidade geral dos pacientes que fizeram rastreamento por meio do exame PSA e dos que não fizeram foi praticamente a mesma: de aproximadamente 18%. Além disso, apontaram que, ao se fazer exames em uma população ampla, sem triagem previa, evita-se apenas uma morte para cada 1055 homens examinados.

Mais conversa, menos exames. Vem aí a Medicina sem pressa

Nero caiu da biga e, ainda assim, virou campeão

Era o ano 68 depois de Cristo. Nero competia nos jogos esportivos romanos. Inscrevera-se em duas modalidades: corrida de bigas e competição musical com sua harpa e voz, pretensamente, melodiosa. Nero caiu da biga. Nada se sabe sobre sua participação no concurso musical. Os juízes o saudaram como o maior campeão de todos os tempos nas duas modalidades. Pouco depois, Nero foi assassinado. Seus triunfos foram anulados.

As competições esportivas, ao contrário do que muitos pensam, existiam 2.000 anos antes de Cristo. Os hititas, os turcos de nossa era, tinham corridas de carroças. Aos gregos coube a fama e propaganda dos jogos esportivos, que não eram apenas de Olímpia, mas de pelo menos, outras 4 cidades. A fama dos Jogos de Olímpia vem de 800 anos antes de Cristo.

"Culto de pagãos", esse o veredicto dado pelos primeiros cristãos para os jogos esportivos. Á partir do ano 400 depois de Cristo, os cristãos acabaram com a brincadeira, proibiram os jogos. A ideia só ressurgiria 1.400 anos depois. No século XIX, começaram a pensar os jogos esportivos que se tornariam um evento global.

Atletas caindo. Juízes favorecendo atletas e equipes. Triunfos anulados. São fatos que faziam parte desse show. E farão. Jogos, inclusive esportivos, são, antes de tudo, shows. Adoçam os olhos e a alma.

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