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Em Pauta

Mandarim é quem manda, a complexa educação na China

Mário Sérgio Lorenzetto | 14/08/2023 07:30
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Quando os portugueses entraram em contato com a China, em princípios do século XVI, descobriram uma classe de pessoas com autoridade sobre as demais. Os chamaram "mandarim". Era uma confusão entre o verbo "mandar" e uma série de palavras de som parecido que, na Ásia, designam alguém com poder. Dessa forma, os portugueses distinguiam os funcionários públicos e magistrados que administravam o país em nome do imperador. O grande número desses servidores públicos e seu poder surpreenderam os ocidentais. Também se surpreenderam com suas capacidades intelectuais, era impossível encontrar um funcionário público que não fosse extremamente bem educado. Mas o aspecto que lhes causou maior admiração foi o método de seleção dos mandarins.


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Exames no lugar do "quem indica".

Em contraste com a Europa, onde os cargos públicos dependiam da indicação de nobres, na China existia um sistema de exames - chamado "keju" - que permitia que todos concorressem em pé de igualdade e fossem escolhidos os mais capacitados, onde o mérito era a única qualificação para o posto. Era um sistema antigo, mas que alcançou pleno desenvolvimento entre os séculos XIV e XVII.


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Escola preparatória de exames desde os 4 anos de idade.

Ocupar cargos públicos assegurava ao candidato e à sua família as mais altas vantagens e honrarias. Dai que muitos se preparavam para os exames desde a mais tenra infância. A educação de um aspirante a mandarim começava aos quatro anos, idade em que eles começavam o aprendizado da difícil escrita chinesa. Algumas meninas também participavam desses estudos, mas sem nenhuma chance de chegar ao cargo de mandarim. Também era caro mandar uma criança para a escola.


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Memorizar 431.000 caracteres e os "Analectos" de Confúcio.

Aos oito anos as crianças pretendentes ao cargo de mandarim já memorizavam 431.000 caracteres da escrita chinesa e recitavam os "Cinco Clássicos". Os "Analectos" de Confúcio eram os mais importantes. Não era admitida uma só falha. Aos quinze anos, abandonavam a escola e entravam em uma das 7.000 academias que os preparavam para os exames. A cada dois anos tinham os primeiros exames. Eles selecionavam os postulantes a ser mandarins a nível distrital. Quem passasse, teria de aguardar três anos estudando para os exames a nível municipal. Em todo esse tempo não ganhavam um centavo sequer. Mas tinham honrarias. Só eles passavam a vestir uma túnica azul luxuosa, um chapéu especial e estavam isentos de castigos corporais perante a justiça.


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A vontade de um dragão.

Aqueles que passassem nos exames municipais, teriam de aguardar mais três anos para as provas estaduais. Cada concorrente era colocado em uma cela que só tinha uma cadeira, uma mesa e uma pequena estante. Essas celas não tinham teto e os exames eram feitos no outono, no frio. Dormiam sem cobertor, acocorados. Levavam apenas livros, comida e um urinol. Só havia uma maneira de ser aprovado: o exame não podia conter um erro sequer. Quem passava fazia um banquete e era recebido triunfalmente em sua localidade de origem.
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