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Em Pauta

MS Faroeste: bravos guaicurus e a guerra que não foram

Mário Sérgio Lorenzetto | 20/08/2023 09:52
MS Faroeste: bravos guaicurus e a guerra que não foram
O velho bandeirante roncava. Cansado de atravessar 3,5 mil quilômetros de rios e matas, mal ouviu o tropel dos cavalos, misturados aos gritos de guerra, como em um filme de bang-bang, caiu da rede. Eram os guaicurus, temíveis índios guerreiros que teimavam em complicar a vida de quem se atravesse a andar pela extensa região de seu domínio: de Porto Murtinho/ Bodoquena até as proximidades de Assunção. O bandeirante nem conseguiu pegar seu arcabuz, uma lança atravessou seu pescoço. A última coisa que viu foi sua filha, que saíra de SP com destino a Cuiabá, para casar com um novo-rico. Os guaicurus venceram.....novamente.


MS Faroeste: bravos guaicurus e a guerra que não foram
Imbatíveis até hoje.

Atualmente, apenas 1.600 kadiwéus, os descendentes dos guaicurus, vivem nas aldeias que perfazem quase 500 mil hectares de terras. É uma exceção em um país que não tolera ver índios aldeados. Mas entre os séculos XVI e XIX era o inverso. Eram um povo com muitas milhares de pessoas que nunca foram vencidos. Espanhol, português, brasileiro ou paraguaio, ninguém estava seguro em terras guaicurus. Eles só aceitaram a paz impondo seus próprios termos. E, ao contrário, do que diz a lenda, essa paz e posse do atual território, nada tem a ver com a participação na Guerra do Paraguai.


MS Faroeste: bravos guaicurus e a guerra que não foram
Cavalos.

Eles não tremeram quando viram os espanhóis montados em cavalos, os tanques de guerra daquela época. Em 1.542 escaparam de uma expedição organizada pelo famoso espanhol Alvar Nuñez Cabeza de Vaca. Muito provavelmente foi quando tiveram o primeiro contato com esses belos animais. Segundo o relato do próprio Cabeza de Vaca, ficaram assustados com os cavalos, mas não correram. Pelo contrário, enganaram o espanhol. Atearam fogo em suas próprias tendas e conseguiram fugir sob uma cortina de fumaça. Não sem antes decapitar alguns espanhóis a golpes de machado feitos com mandíbulas de piranhas. Mas não se sabe quando eles passaram a usar cavalos nos combates.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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