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Em Pauta

O poder da imagem: como o apocalipse virou uma crença

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 18/01/2024 09:50
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A profecia era razoavelmente conhecida. Mas a ninguém assustava. Ao cumprir-se mil anos do nascimento do filho de Deus ocorreria o fim do mundo. A tradição atribuía o apocalipse a São João. Esse livro de caráter profético revelava com todos os detalhes o fim do mundo, começando com a aparição de Satanás, a chegada dos exércitos de Gog e Magog, a ressurreição dos mortos e o juízo final.


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O Beato de Liébana.

Pouco antes do ano mil, as imagens dessa visão profética se difundiram amplamente. O medo tomou conta das populações europeias e do Oriente Médio. Inicialmente, eram imagens criadas pelo Beato de Liébana, uma região da Espanha. Era um monge do Mosteiro de São Martinho de Turieno. A sua obra é conhecida como "Comentários ao Apocalipse de São João". A difusão dessas imagens foi espantosa.

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A abertura do Sétimo Selo do Apocalipse.

O trabalho do Beato de Liébana criou uma escola denominada "Os Beatos". Em todos os lugares surgiam novas imagens do Apocalipse. Em geral, eram imagens sobre a abertura do Sétimo Selo do Apocalipse. Amedrontavam até os descrentes. O sentimento de que o Apocalipse estava mais perto aprisionou igualmente príncipes e clérigos, guerreiros sem medo nos campos de batalha e camponeses que viviam atazanados pelas dificuldades econômicas.


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A politização do Apocalipse.

Passado o ano mil, como nada acontecia, o entendimento começou a ser politizado. A principal personagem dessa mudança de rumo foi o abade Adso. Em seu polêmico "Libellus do Antechristo" , garantia que a decadência da dinastia carolíngia, que dominava boa parte da Europa, coincidiria com a chegada do milênio. Propunha, em suma, a queda dos carolingeos como se fosse ditada pelo Apocalipse. E nunca mais parou. Milhares de interpretações posteriores do Apocalipse eram de cunho político. Continuam.
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