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Em Pauta

Os banquetes da Idade Media e o ofício de temperar a comida

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/07/2023 08:35
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Na Idade Media, os banquetes eram um momento essencial da vida dos nobres. Luxuosos, copiosos e concorridos, além de muitas diversões, eram festas esplêndidas em que não só se comia muito bem, como também escutavam musicas especiais, assistiam a representações teatrais e, sobretudo, eram momentos de ressaltar o status do nobre que oferecia o banquete. Muitas dessas comilanças tinham até público para assisti-las. Burgueses e aldeãos das proximidades do castelo ou palácio se espremiam nas janelas para ver a festança. Esses poderosos tinham a seu serviço um ofício que desapareceu na atualidade: o de temperador, "speciarius", como era chamado.


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Um gabinete só para os temperadores.

Muitos nobres, obcecados pelas especiarias, tinham apenas quatro funcionários "obrigatórios" em seus palácios: um alfaiate, um barbeiro, um provador e um temperador. Alfaiates e barbeiros ainda são ofícios reconhecidos, e os provadores fazem sentido em vista da ameaça de envenenamento. Mas por que montar todo um gabinete para os temperadores? Havia nobres que contratavam até dez desses homens.


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Entre farmacêutico e orientador de estilo de vida.

Temperador é uma palavra que evoca um homem de prontidão o dia inteiro com um moedor de pimenta na mão. Mas o temperador medieval era muito mais que isso. Para começar, administrava uma coleção de temperos caríssimos, especialmente das tão almejadas especiarias. Mas o temperador também tinha um papel importante que não faz sentido no contexto moderno: situava-se entre um farmacêutico e um orientador de estilo de vida. Estava lá para assessorar a família nobre sobre os ritmos diários de sua saúde e bem-estar. Desde doenças crônicas a padrões de sono e movimentos intestinais. E ainda tinha uma função pra lá de badalada: resolver os problemas das disfunções sexuais.


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O manual criado por um monge para resolver disfunção sexual.

Aos ouvidos modernos, as descrições das receitas com especiarias para problemas sexuais soam mais como ingredientes de um delicioso molho de salada do que como um Viagra medieval. Foram encontradas vinte receitas que garantiam boa performance sexual do período medieval. A mais famosa foi criada por um monge beneditino que criou, inclusive, um manual sexual denominado "De Coitus". O religioso, acompanhado por um medico, garantia que 342 homens impotentes, ao beber "decocções de baunilha", se transformaram em extraordinários amantes de pelo menos o mesmo número de mulheres. Influenciado pelo monge, o famoso Marquês de Sade servia copiosas quantidades de baunilha com suas sobremesas para inflamar as paixões de seus convidados.
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