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Em Pauta

Os banquetes de Cururupeba e o nojo da comida de Cabral

Mário Sérgio Lorenzetto | 27/04/2023 08:45
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Depois de oferecer comida portuguesa aos índios, Cabral e seus marujos descobrem que as diferenças também estão nos alimentos. "Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora". Esse é um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha ao rei, datada de 1 de maio de 1.500. O primeiro encontro entre europeus e indígenas não foi nem um pouco "suculento".


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Cururupeba, o inimigo número um.

Mas do que os indígenas daquela região onde houve o primeiro encontro se alimentavam? Primeiro, vamos esclarecer que "Cururupeba", esse nome estranho do chefe indígena, significa "sapo achatado", daqueles que incham o papo quando coaxam. Mas também significa "diabo, sujeito colérico e voluntarioso". São os índios dessa região da Bahia, onde as naus de Cabral atracaram, os primeiros a resistir ao domínio português. Cururupeba é o inimigo número um dos portugueses. A história que conto para meus netos mostra Cabral chegando ao Brasil e Cururupeba defendendo seu povo contra as ignomínias praticadas contra eles. A história deste país começa com dois personagens fundamentais. Não pertence apenas a Cabral.


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Os banquetes de Cururupeba. O papel da mandioca.

Cada vitória na luta contra os portugueses era comemorada com banquetes, nos quais Cururupeba e sua turma exibiam a variedade de técnicas e ingredientes da culinária indígena - pilar original da gastronomia brasileira. A mandioca era a base da alimentação. Era comida inteira, assada ou cozida, ou como farinha (após secar ao fogo e ser ralada), servindo também para massas e pães. A tapioca - tão na moda - era um dos pratos dessa época. Por último, mas não menos importante, a mandioca era fermentada e virava bebida alcoólica. Tomavam pileques coletivos movidos a uma bebida chamada "caxiri".


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A importância do milho e do caju.

Em ordem de importância, depois da mandioca, vinha o milho. Assado em espigas, como até hoje costumamos comer, era transformado em mingaus, farinhas e pipoca (como não existia cinema, comiam pipoca nas inúmeras festas). Assim como a mandioca, o grão era usado para fazer uma bebida alcoólica que chamavam "cauim". A dieta era complementada com grande quantidade de frutas silvestres (jabuticaba, mamão papaia, maracujá e pequi), onde o caju tinha maior importância. Virava suco, bolos, pães, e uma espécie de vinho. E ainda tinha suas castanhas transformadas em farinha. Peixes grandes e mamíferos, como porcos-do-mato, veados e antas eram abatidos a flechadas e costumavam ser assados inteiros, com pele e tudo, e depois destripados, pois as vísceras eram muito apreciadas. Comparando os alimentos de Cabral e Cururupeba dá para entender porque os índios cuspiram o que lhes foi ofertado pelo capitão português.

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